Depois de sinalizar uma melhora com as chuvas de dezembro, o custo da energia adotada no mercado livre de curto prazo voltará aos patamares mais altos. O Preço da Liquidação de Diferenças (PLD) previsto para janeiro é de R$ 388,48 o megawatt/hora ( MWh) em todos os submercados do país. O Valor é o novo teto que passará a vigorar em 2015, conforme a definição do governo.
Até o fim deste ano, o teto do PLD ainda fica em R$ 822,83. Porém, o governo definiu que em janeiro esse preço de referencia passará a ser R$ 388,48. A redução é artificial e não muda o valor a ser pago pelo consumidor final, uma vez que a diferença chegará na conta dos clientes via Encargo de Serviço do Sistema (ESS), cobrada mensalmente no mercado livre e anualmente no cativo.
Na primeira semana de dezembro, o PLD estava em R$584,75 , ou seja, 33,3% abaixo do teto regulatório adotado até o fim deste ano, que é R$ 822,83. Como o governo alterou a referência a ser utilizada em janeiro para R$ 388,48, caso o nível dos reservatórios ficassem na mesma proporção no primeiro mês de 2015, o PLD deveria ficar em R$ 129,36 o MWh. Porém, como divulgada pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica ( CCEE), o preço da energia no mercado spot ficará em seu patamar mais alto para o período, em R$ 388,48.
Em dezembro, a justificativa para um PLD tão abaixo do teto foi uma elevação substancial das Energias Naturais Afluentes (ENAs). Em outras palavras, as chuvas do período e a melhora nos reservatórios levaram a uma maior oferta de energia do país. Passar a ser cobrado o teto em janeiro indica uma reversão na aposta de melhores afluências futuras. Ou seja, os reservatórios deverão ficar em níveis mais baixos.
“A melhora dos reservatórios não foi no patamar esperado. Então, o preço terá que permanecer nas alturas até que essa realidade seja alterada”, afirma o Diretor da CMU Comercializadora de Energia, Walter Luiz de Oliveira Fróes.
Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico ( ONS), os reservatórios do subsistema Sudeste/ Centro-Oeste estão com um nível 19,30% do total. No Nordeste, o nível está em 17,37%; no Norte, 32,78% e no Sul 53,73%.
Como resultado, foi necessário manter o despacho até mesmo das térmicas mais caras.Para se ter uma ideia, o Custo Marginal de Operação ( CMO) de dezembro ficou em R$623,00 o MWh e de janeiro deverá ser de R$528,00 e MWh. Isso significa que a termelétrica mais cara em funcionamento gera energia a esse custo.
Redução Artificial
Por essa razão,o especialista explica que a redução do teto do PLD não significará menores custos da energia. “A redução do teto foi artificial. As térmicas mais caras vão continuar operando e terão que ser remuneradas. Se isso não ocorre via PLD, ocorre pelo ESS”, afirma.
Para o analista da Lopes Filho, Alexandre Furtado Montes, o ano de 2015 deverá ser marcado por preços altos. Em um primeiro momento, o verão já deverá ser de temperaturas muito elevadas, o que puxa para cima o consumo de energia. ” Se as chuvas conseguirem alcançar a média histórica, coisa que não foi possível neste ano, os preços já ficarão altos. A não ser que caia um dilúvio e derrube todas as projeções para o período”, afirma.
Comentários