Dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) apontaram preços a R$ 66,41 por MWh
Apesar da entrada de mais consumidores no mercado livre de energia, os preços, na média da região Sudeste, em junho, ainda estão 3,8% abaixo dos registrados no mesmo período do ano anterior. Entre os motivos apresentados por especialistas consultados pelo Diário do Comércio estão a especulação e fornecedores que não quiseram comercializar, uma vez que ainda existe desequilíbrio entre oferta e demanda.
Os dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) apontaram que os preços na região Sudeste, encerraram em junho, em R$ 66,41 por MWh, valor 3,8% na comparação com o mesmo intervalo de 2023, quando o MWh fechou no valor de R$ 69,04.
“Acredito que tenha sido um momento de acomodação e avaliação de tendências, com o volume de negócios abaixo do esperado, uma vez que, em função dos preços baixos, muitos não quiseram vender, repetindo o que ocorreu ano passado”, afirmou o sócio-diretor Enecel Energia, Raimundo de Paula Batista Neto, analisando o comportamento dos preços no primeiro semestre.
Entretanto, há cerca de dois meses o mercado voltou apresentar alguma movimentação com a adesão de novos consumidores ao mercado livre de energia, o que ainda assim não chegou a impactar para cima nos preços.
De acordo com Raimundo, em outros momentos, o preço já chegou a ultrapassar os R$ 500 por MWh e hoje gira em torno de R$ 61. “Em alguns casos os empresários estão direcionando os investimentos em geração para varejistas e geração distribuída (GD), onde o valor de comercialização do MWh pode chegar a até US$ 80 (cerca de R$ 447). O cenário poderá continuar ao longo de 2024 e esperamos em 2025 preços não tão bons, pois temos um desequilíbrio na oferta de energia em certos horários, como por exemplo, quando entra energia solar no sistema”, destacou.
Para o diretor da CMU Comercializadora de Energia, Walter Luiz de Oliveira Fróes, é normal conviver com baixas no preço da energia e ele acredita que, muito por expectativa dos agentes do mercado, que especulam se o mercado vai subir ou se vai cair.
“Nesta semana, por exemplo, os preços caíram, mas não houve nenhuma razão prática. Por exemplo, a Eletrobras, se quiser jogar o mercado no chão amanhã, ela joga com o volume de energia que tem. É muito mais um movimento especulativo que de consumo. Na Europa, que é um mercado mais desenvolvido, o mesmo quilowatt, ele é negociado sete vezes, até chegar no consumo. Aqui no Brasil, talvez, se aproxime a três negociações. São transações entre contrapartes como comercializadores e isso forma preço”, explicou.
Segundo Fróes, nesse primeiro semestre, a portaria do Ministério de Minas e Energia (MME), que eliminou requisito de demanda mínima contratada em média e alta tensão para fazer parte do mercado livre, ainda pode vir a incrementar o mercado. “Até então só podia participar quem estivesse conectado em média e alta tensão e com demanda contratada acima de 500 quilowatts, quesito que foi suprimido. Isso pode gerar uma corrida, uma vez que o mercado livre tinha cerca de 30 mil agentes e, desde então, aumentou algo em torno de 15 mil agentes”, observou.
Mesmo com os preços mais baixos neste primeiro semestre, a carteira da CMU no mercado livre de energia praticamente dobrou. “Tínhamos 300 CNPJs no segmento de energia livre até dezembro e hoje contabilizamos quase 600 nesta categoria. Já temos contrato e estamos modelando tudo para que esses 300 novos consumidores participem ainda este ano”, afirmou.
Mais da metade do consumo de energia em Minas vem do mercado livre
Em Minas Gerais, 54% do consumo vem do mercado livre de energia, enquanto a média no Brasil é de 38%, informou o gestor. “Temos um grau de industrialização elevado em Minas com eletro intensivos, como ferroligas, e isso que faz com que a participação de Minas Gerais do mercado livre seja maior do que outros estados da Federação”, observou.
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