O ONS compara o início do ano ao número atual. Segundo o operador do sistema elétrico, “o aumento das chuvas na bacia do Rio São Francisco fez com que o volume do reservatório da usina de Três Marias subisse consideravelmente desde início do ano”. No dia 1º de janeiro, o nível do reservatório era de 57,2%, tendo chegado a 72,6% no último dia 3. A média de volume útil ocupado da represa nos meses de fevereiro vinha ao nível de 59,2%.
A recuperação dos níveis dos reservatórios traz a expectativa do consumidor de não pagar acréscimos na conta de energia, previstos no acionamento das chamadas bandeiras tarifárias. No começo da noite de ontem, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que manterá em março a bandeira tarifária na cor verde, sem cobrança extra. A bandeira foi a mesma aplicada em fevereiro. As cores amarela e vermelha indicam sobretaxação imposta ao consumidor. Quanto mais usinas térmicas, cuja produção é mais cara, são acionadas para atender a demanda da população, mais elevado será o custo de produção de energia, então, repassado aos brasileiros.
Segundo a Cemig, “a Aneel leva em consideração todos os subsistemas para definir a bandeira que vai vigorar no país”. O diretor-geral da CMU Comercializadora de Energia, Walter Fróes afirma que o volume elevado em reservatórios de diversas usinas pode é ´”atrasar” a aplicação de bandeiras tarifárias.
“A regulação é complexa, e variáveis interferem. Três Marias é somente uma das usinas, e isso depende do todo. Se todas estiverem cheias, lotadas, o que não é verdade no momento, você tem quatro meses de consumo integral. Em termos de tarifa, é impacto quase zero. O que pode acontecer é postergar a aplicação dessas bandeiras, a determinação dessas cobranças. Não tem algo relacionado diretamente na tarifa”, disse ao EM.
Fróes explica, ainda, que Três Marias não é uma das usinas mais determinantes na questão energética. “Hoje, Três Marias tem importância energética muito pequena. Ela é mais importante como regulação hídrica de Sobradinho, na Bahia. Sobradinho representa 80% da energia do Nordeste. Lembrando que Três Marias também consta no subsistema Nordeste”.
Apesar do alto volume em Três Marias, o nível médio do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, composto também pela usina da Região Central mineira, é de 38,67% neste mês. Em Minas Gerais, o menor volume é detectado na Usina Hidrelétrica de Emborcação, com 24,69%, sobre o Rio Paranaíba, na cidade de Araguari, no Triângulo Mineiro.
Promessa de geração intensa nas hidrelétricas
A Agência Nacional de Energia Elétrica ( Aneel ) informou, ontem, que a decisão de manter a bandeira tarifaria na cor verde nas contas de energia se deve à recuperação dos níveis dos reservatórios em virtude do volume razoável de chuvas em fevereiro. Segundo a agência, o volume de chuvas refletiu-se na redução do preço da energia no mercado de curto prazo (PLD) e dos custos relacionados ao risco hidrológico (GSF). O PLD e o GSF são as duas variáveis que determinam a cor da bandeira a ser acionada.
“Em fevereiro, os principais reservatórios de hidrelétricas do Sistema Interligado Nacional (SIN) apresentaram recuperação de níveis em razão do volume de chuvas próximo ao padrão histórico do mês. A previsão para março é de manutenção dessa condição hidrológica favorável, o que aponta para um cenário com elevada participação das hidrelétricas no atendimento à demanda de energia do SIN, reduzindo a necessidade de acionamento do parque termelétrico”, informou a Aneel.
Criado pela Aneel, o sistema de bandeiras tarifárias sinaliza o custo real da energia gerada, possibilitando aos consumidores o bom uso da energia elétrica. O funcionamento das bandeiras tarifárias tem três cores: verde, amarela e vermelha (nos patamares 1 e 2), que indicam se a energia custará mais ou menos em função das condições de geração.
“Os recursos pagos pelos consumidores vão para uma conta específica e depois são repassados às distribuidoras de energia para compensar o custo extra da produção de energia em períodos de seca”, destacou a Aneel. O acréscimo cobrado na conta pelo acionamento da bandeira amarela é de R$ 1,34 a cada 100 quilowatt/hora (kWh) consumidos. Já o primeiro patamar da bandeira vermelha impõe o valor de R$ 4,16 a cada 100 kWh e no patamar 2 da bandeira vale a quantia de R$ 6,24 por 100 kWh consumidos.
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