Geração distribuída compartilhada possibilita acesso a quem não pode pagar por placa fotovoltaica
A capacidade instalada da geração de energia solar no Brasil atingiu 26 gigawatts (GW) e, assim, ultrapassou a da eólica (25 GW), segundo comunicado divulgado na 2ª feira (6.mar) pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
Conforme a pasta, as fontes eólica e solar são responsáveis por cerca de 25% da capacidade instalada total no país, que superou 205 GW ao final de 2022. “É uma demonstração do protagonismo da geração renovável na matriz elétrica brasileira. Dados preliminares referentes ao ano de 2022 apontam que a geração renovável representou mais de 85% da oferta de energia elétrica no Brasil no último ano, graças à combinação de hidrelétricas, geração a biomassa, solar e eólica”, complementa o comunicado.
Nos primeiros meses de 2023, ressalta o ministério também, a capacidade instalada da geração distribuída (GD) solar aumentou quase 1 GW, atingindo 18 GW. Na GD, várias unidades geradoras de menor porte abastecem a rede. Essa é a geração descentralizada, realizada no local de consumo ou em uma área próxima.
O MME afirma que o crescimento da GD solar no primeiro bimestre “é reflexo de políticas públicas de incentivo às fontes de energia renováveis e da Micro e Mini Geração Distribuída”. Entre elas, a Lei nº 14.300/2022, que é considerada o marco-legal da geração distribuída e assegurou a isenção de parcela da Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD) até 2045.
Geração distribuída compartilhada
Entre as modalidades da GD, está a geração distribuída compartilhada, que possibilita o acesso à energia solar para pessoas que não conseguem arcar com o alto custo de instalação de placa fotovoltaica. Nela, o consumidor, por meio de uma cooperativa, compra créditos de uma planta solar remota, ou seja, não precisa gastar qualquer valor com investimento ou obra.
Uma das empresas que oferece a modalidade no Brasil é a CMU Comercializadora de Energia, de Belo Horizonte. O diretor da companhia, Walter Fróes, explica que, na GD compartilhada, a empresa monta uma usina em um espaço “dentro da área da distribuidora, e essa usina é arrendada a uma cooperativa ou um consórcio, em que as pessoas vão aderindo como cooperados ou coassociados e recebem uma fração da geração daquela usina solar fotovoltaica”.
Atualmente, a CMU tem 130 mil clientes, sendo 90 mil já recebendo a energia solar, e outros 40 mil com contratos assinados à espera de conexão. Em janeiro do ano passado, eram 5 mil clientes, e a expectativa da empresa chegar a pelo menos 300 mil até o fim de 2023.
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De acordo com Fróes, a maior vantagem para o cliente que adere à GD compartilhada é “um desconto expressivo” na conta de luz do indivíduo. O valor da fatura mensal fica 15% mais barato, em média. Isso porque a energia solar tem uma tarifa menor do que a da gerada pelas hidrelétricas e termelétricas, e Minas Gerais possui benefícios fiscais de incentivo à geração e consumo de energia fotovoltaica.
“Com a adesão a uma cooperativa, o consumidor passa a receber benefício em no máximo 60 dias, que é o prazo que a distribuidora precisa para cadastrar no sistema deles. E mensalmente, então, a pessoa consome X quilowatt-hora, a gente injeta o valor combinado, e a distribuidora cobra dela a energia fornecida menos aquela que injetamos para aquela pessoa. Paga só aquele saldo, e o restante paga para nós, com o desconto”, explica o diretor da CMU.
Pode participar qualquer residência ou empresa na área de concessão da Cemig, com consumo médio a partir de 150 kWh/mês, que não tenha outro subsídio, como tarifa social ou área rural. A adesão é feita online, por um site disponibilizado pela CMU.
“A pessoa não tem nenhum prazo de carência, fidelidade, nada. Se por algum motivo ela não tiver satisfeita com a performance da nossa planta, atendimento, qualquer coisa, ela com um simples aviso prévio de 90 dias pode abandonar o consórcio ou a cooperativa”, fala Fróes. Ele reforça ainda que quem utiliza energia solar “contribui muito com o meio ambiente”, pois é “uma energia sustentável, não gera poluição, não tem emissão de carbono”.
Geração maior
De acordo com o Ministério de Minas e Energia, apesar de a capacidade instalada da geração de energia solar ter ultrapassado a da eólica no país, a eólica ainda gera mais energia elétrica do que a fotovoltaica no território brasileiro.
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