Contratos de longo prazo se tornam pouco interessantes para grandes consumidores de energia
O cenário de seca já provocou aumento nos preços praticados no mercado livre de energia. Com a subida dos valores a um patamar de R$ 300 por megawatt/hora (MWh), cabe às comercializadoras entenderem o mercado e se planejarem para os próximos meses.
Antes da piora nos cenários hidrológicos, era possível negociar o MWh na faixa dos R$ 200. Vale lembrar que foram mais de dois anos de bandeiras verdes, o que significava estabilidade na geração hidrelétrica.
Como o mercado financeiro
De acordo com Walter Fróes, diretor de planejamento estratégico e gestão da CMU Energia, a volatilidade nos preços de energia pode ser comparada ao mercado financeiro.
“Quem tem mais competência faz mais dinheiro nesse momento. Nos dois cenários, quando sobe e quando desce. Você só muda posição. Você está short ou long, você vai escolhendo a posição de acordo com o que os seus estudos internos ditam”, analisa.
Durante o período de conforto nos reservatórios de hidrelétricas, era possível fechar contratos de longo prazo por até R$ 120 por MWh.
Para o último trimestre do ano, há expectativa de preços altos, já que não se sabe como será o início do período chuvoso, a partir de outubro.
Alívio nos reservatórios em janeiro
A tendência é que entre janeiro e fevereiro as chuvas consigam elevar os níveis dos reservatórios e trazer mais estabilidade ao mercado.
A CMU tem 600 clientes e 60% da eletricidade fornecida pela empresa é hidrelétrica, o que ilustra a importância das chuvas na comercialização de eletricidade no mercado livre.
Descontos na conta de luz de até 35% para empresas e 20% para consumidores
Na opinião de Fróes, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deveria ter agido de forma diferente para economizar os reservatórios das usinas.
“Poderiam ter entrado com termelétricas um pouco mais cedo, o que poderia ter colocado bandeira amarela já em abril ou maio. Justamente para evitar uma bandeira vermelha como a que temos agora”, afirma.
Para manter os clientes atualizados sobre as perspectivas de preços e análises climáticas, a CMU publica informativos semanais e mensais e presta orientações sobre as opções de aderir a contratos de curto, médio ou longo prazo.
Fróes explica que quem tem contratos de fornecimento de longo prazo está seguro, mesmo com o momento de incerteza no mercado. Entretanto, empresas que necessitam de aumento de carga no curto prazo estarão mais expostas a valores pouco atrativos.
“Por exemplo, uma fábrica que pegou um pedido extra de algum produto e não tem energia suficiente para ligar as máquinas em mais um turno. Nesse caso, essa empresa terá que comprar energia hoje no mercado. Como é um imprevisto, é natural que seja uma despesa extra”, explica.
Comentários