Dados são de estudo estratégico da área de geração distribuída no País e referem-se a junho em comparação a janeiro; redução está mais ligada ao mercado externo
Os preços dos sistemas fotovoltaicos para clientes residenciais e comerciais (até 75 quilowatt de potência de pico – kWp) registraram em junho queda de 6% em comparação a janeiro. Para sistemas acima de 150 kWp, a redução foi de 15%. Os dados são do estudo estratégico de geração distribuída, realizado pela Greener, empresa de dados e inteligência de mercado focada em transição energética. A diminuição no custo dos módulos foi um dos fatores determinantes para essa variação.
“A redução dos preços está mais ligada ao mercado internacional. O preço dos módulos está em queda e ele é o principal componente de um kit fotovoltaico. E a causa do preço estar em queda é o excesso de produção na China”, explica o analista de conteúdo e inteligência de mercado da Greener, Mateus Pinheiro.
O coordenador da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABsolar) em Minas Gerais, Bruno Catta Preta, explica que com a aplicação da sobretaxa de 30% dos Estados Unidos em cima dos produtos chineses, a produção da China está além da demanda, pois não está conseguindo entrar no mercado estadunidense. “E essas sobras são oferecidas para o mercado brasileiro. Porém, nós não absorvemos tudo e os preços estão em queda”, analisa.
O coordenador regional da ABsolar avalia ainda que a concorrência aumentou muito. “Há uma oferta muito grande de fabricantes e o mercado não está absorvendo”, diz. Mas a perspectiva é de crescimento este ano.
O diretor de planejamento estratégico e gestão da CMU Energia, Walter Fróes, lembra que além do embargo americano, “a Europa está em guerra e estas instabilidades reduziram as compras dos produtos chineses”.
Atento ao mercado interno, ele celebra e atribui ainda a disseminação da tecnologia e a produção em escala como outros fatores para o aumento da demanda do sistema no Brasil e a consequente queda dos preços. “Trabalho com o sistema há muitos anos, em 12 anos, o custo de uma placa fotovoltaica caiu 93%”, comenta Fróes.
Com dados mais recentes, Catta Preta comenta que enquanto há dois anos se comprava um módulo a R$ 1,1 mil, hoje ele está custando R$ 500. “Estamos no melhor momento para interessados investir ou adotar o sistema de energia solar. Os preços estão a nível de custo e não devem baixar mais. Uma queda acima de 50%”, explica.
Estudo aponta recorde de importação de módulos
O estudo conduzido pela Greener também aponta recorde na importação de módulos fotovoltaicos. No primeiro semestre deste ano, foram 10,7 GWp de potência importada em módulos fotovoltaicos, aumento de 30% em comparação com o 1º semestre de 2023. Sendo que deste volume, 70% (7,5 GW) foram destinados à Geração Distribuída (GD).
O estudo mostra também que a classe residencial no Brasil voltou a crescer em 2024. Uma queda de 20% na potência adicionada havia sido registrada em 2023, principalmente, em função da Lei 14.300, que instituiu o marco legal da micro e minigeração de energia e deixou o mercado em compasso de espera.
“Em 2024, os impactos dos preços mais baixos, a queda na taxa de juros que beneficou os financiamentos e a retomada gradual do interesse do consumidor estão contribuindo para a retomada do mercado residencial de GD”, avalia o especialista da Greener, Mateus Pinheiro.
De acordo com o estudo estratégico da empresa, 51% das vendas realizadas nos primeiros seis meses do ano foram realizadas com o apoio de financiamentos. “O que avaliamos é que esse índice foi possivelmente impulsionado pela redução das taxas de juros e a menor restrição ao crédito pelo bancos”, diz Pinheiro.
Para investidores, o mercado também apresentou melhoras. Foi observado uma redução de 10% no tempo de retorno do investimento em energia solar (payback) para as instalações locais residenciais em comparação a janeiro de 2024. “Instalar um sistema hoje é muito mais barato do que antes, e o retorno chega mais rápido”, diz.
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