O acionamento de usinas térmicas a gás elevou em 48,6%,
apenas em abril m o preço da eletricidade no mercado à vista (spot), onde atuam
grandes consumidores, comercializadores e geradores de energia. O preço do
megawatt-hora saiu de R$ 135,98 para R$ 202,18, conforme dados da Brix, uma
plataforma eletrônica de negociação de energia aberta a todos os agentes do
Ambiente de Contratação Livre (ACL).
No primeiro dia útil do ano, o MWh estava cotado a R$ 67,21
e, até ontem, verificou-se um avanço de 200%. O despacho de energia térmica
determinado pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) ocorre porque a oferta de
energia hidráulica frustrou as previsões em virtude de um nível pluviométrico
abaixo da média histórica.
Como o nível dos reservatórios está muito abaixo e o período
mais chuvoso do ano terminou, a expectativa é de manutenção da escalada dos preços.
Chuvas contemporâneas poderão alterar o cenário, mas a previsão não é boa,
afirma o diretor-executivo da CMU Energia, Walter Fróes.
Conforme o ONS, a geração de energia térmica para o mercado
Sudeste/ Centro-Oeste atingiu 1775 gigawatts-hora (GWh) em março deste ano, um
aumento de 71,6% ante igual mês de 2010. Os custos da energia térmica são
maiores do que os da energia hídrica, o que culmina em preços mais elevados.
Segundo o gerente comercial da Enecel Energia, Raimundo
Batista Júnior, até o dia 19 de abril, o nível dos reservatórios das
hidrelétricas estava em 76,78%, menor índice dos últimos 4 anos, quando a média
girou em 84%.
Na região sudeste, os reservatórios devem permanecer com
nível abaixo da média pelo menos até a próxima estação de chuva, diz Raimundo
Júnior.
Na região Sul, a situação é bem mais crítica. Uma das piores
secas dos últimos anos deixou o nível dos reservatórios em 29,64%, sendo que a
média dos últimos dois anos estava em torno de 89%, As regiões Norte e Nordeste
estão com os reservatórios em situação tranquila. Com níveis de 99,49% e 81,31%,
respectivamente.
Em relação ao consumo industrial do país, ele observa que o
comportamento da demanda é de queda, devido ao preço da energia e também pelas
condições do mercado externo, que estão péssimas. Vale comentar que a
energia no Brasil está entre uma das mais caras do mundo, prejudicando qualquer
expansão dos grandes consumidores e eletrointensivos, diz.
Para a energia incentivada, oriundo de fontes alternativas e
que tem subsídios na formação de tarifas, o valor de um contrato de abril a
dezembro de 2012 está na faixa de R$ 230 por MWh. A energia convencional, por
sua vez, tem sido cotada a R$ 180 por MWh, com tendência de alta.
Importante citar que esse aumento de preço nos últimos meses
já está provocando aumento nos contratos de médio e longo prazo do setor. Logo,
quem contava com preços baixos em 2012 a 2014 pode amargar grandes prejuízos
nos próximos meses e anos, concluiu Raimundo Júnior.
Setor gira R$25 bilhões
O mercado livre de energia no Brasil foi criado em 1995 e já representa cerca de 25% do consumo de energia do país, movimentando aproximadamente R$ 25 bilhões por ano em transações de compra e venda de energia. Praticamente todas as indústrias de médio e grande porte já se tornaram consumidores livres, podendo escolher o fornecedor de energia. Atualmente, o mercado livre se expande para os setores comerciais e de serviços, em empreendimentos como shoppings, edifícios comerciais, supermercados e bancos.
Todos os consumidores cuja demanda é maior do que 0,5 megawatt (MW) podem optar por se tornar livres e negociar seus contratos com total liberdade em relação a volumes, preços, prazos, indexação e flexibilidade de consumo. No Brasil, não é permitida a venda de energia no mercado livre por comercializadores e geradores para consumidores residenciais, restringindo-se este mercado ao setor corporativo.
Para a migração de um consumidor do mercado cativo para o livre é necessário observar a importância do processo produtivo do empreendimento, o valor da energia comparado com os custos de seus insumos e com a rentabilidade do negócio. Ainda é necessário que sejam observados os requisitos legais do mercado livre, como faixas de consumo de energia.
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