A relação entre energia, meio ambiente e desenvolvimento sempre esteve no centro dos ataques de ONGs e movimentos sociais no Brasil. Diversas são as críticas à construção de hidrelétricas na Amazônia, à energia nuclear e ao uso de combustíveis fósseis para geração de energia, sob a concepção utópica de que somente fontes renováveis, como a eólica, seriam suficientes para suprir nossa demanda. O problema é que a maioria dos argumentos desses movimentos não tem embasamento técnico. E ainda assim, mobilizam partes da sociedade, que não têm informações relevantes sobre tais questões. Esse é o caso do Movimento Gota D’Água, criado por diversos artistas com o objetivo de impedir a construção da hidrelétrica de Belo Monte.
Para promover o desenvolvimento sustentável da economia, é necessário utilizar todas as fontes de energia presentes no país, pois cada uma possui características específicas que se complementam para garantir a segurança do suprimento energético. Nesse quesito, o Brasil é privilegiado. Nossa matriz é composta por hidrelétricas, eólicas e térmicas. E a complementariedade dessas fontes é fantástica.
O período seco, quando os reservatórios das hidrelétricas estão vazios, coincide com a safra da cana-de-açúcar e com o período de maior ocorrência de ventos na Região Nordeste. Desse modo, a boa notícia é que possuímos fontes renováveis que seriam suficientes para garantir o suprimento de forma sustentável. A má notícia é que todas essas fontes estão sujeitas às intempéries climáticas. Na ocorrência de secas prolongadas, safras reduzidas e ventos inconstantes, ficaríamos sem energia. Logo, para garantir a segurança energética é primordial contarmos com fontes cujos combustíveis possam ser armazenados que é o caso das usinas movidas a combustíveis fósseis.
Para abrirmos mão do uso de combustíveis fósseis, seria necessário contarmos com hidrelétricas que possuam grandes reservatórios, que é uma forma de armazenar energia. O problema é que tais empreendimentos não são mais construídos no nosso país, sob o argumento de alagarem grandes áreas, gerando impactos ambientais e sociais. Sendo assim, com o aumento do consumo, nossa atual reserva hidráulica de energia se limita a somente seis meses. É coerente abrirmos mão dos reservatórios para, no futuro, queimarmos gás, carvão e óleo?
Se considerarmos o projeto inicial de Belo Monte, no qual haveria reservatório que garantiria 2,6 vezes mais energia que o projeto atual, a área alagada equivaleria a dois anos de desmatamento ilegal na Amazônia. Não seria mais eficiente se os movimentos sociais e o governo direcionassem seus esforços para acabar com esse absurdo ao invés de dificultar a construção de reservatórios na Amazônia? Além disso, as hidrelétricas pagam compensações ambientais. No caso de Belo Monte, R$ 3,7 bilhões, quase 15% do investimento, serão destinados a programas socioambientais para compensar os impactos gerados pela obra. Tais dados, infelizmente, não são divulgados pelos que condenam o empreendimento.
Desde que o homem saiu das cavernas (ou talvez antes), ele altera o meio ambiente. Cabe a nós brasileiros decidir como utilizar os recursos disponíveis de forma a propiciar o desenvolvimento sustentável de toda a sociedade. É importante avaliarmos quais são os impactos da política energética no meio ambiente e na sociedade, não da forma utópica como tais movimentos e ONGs têm feito, mas sempre baseados em critérios técnicos, econômicos e sociais.
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