Fábrica de última
geração de células solares orgânicas será inaugurada na terça-feira da semana
que vem em Belo Horizonte pelas empresas CSEM Brasil, em sociedade com o braço
de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDESpar), Fir Capital, gestora de fundos e participações; e as
comercializadoras de energia Tradener e CMU Energia. O empreendimento custou
cerca de R$ 100 milhões e foi instalado no câmpus Cetec do Centro de Inovação e
Tecnologia Senai/Fiemg (Federação das Indústrias de Minas Gerais).
Batizada de Sunew, a unidade vai produzir filmes plásticos orgânicos capazes de
converter energia solar em energia elétrica, os chamados módulos OPV (Organic
Photovoltaics), com diversas aplicações, entre elas na indústria automotiva e
na fabricação de galpões metálicos. A partir de uma estrutura tecnológica
inovadora, a Sunew controla método de impressão de painéis fotovoltaicos que
usam materiais orgânicos, concorrendo com capacidade produtiva existente em
escala apenas na Europa e no Japão. As instalações na capital mineira têm
capacidade para produzir mais de 300 mil metros quadrados anuais de filmes
plásticos orgânicos, equivalentes a dezenas de Megawatts (MW) por ano.
O que estamos fazendo aqui é um marco na indústria fotovoltaica não só porque
o Brasil representa o último grande mercado mundial que inicia agora seu
crescimento, como também pelo fato de estarmos liderando a jornada da próxima
geração de painéis, afirma Tiago Alves, principal executivo do CSEM Brasil e
sócio da Fir Capital. Estudo da empresa IHS Consultoria indica que a
participação do Brasil no comércio de tecnologia de energia solar fotovoltaica
deverá crescer 10,5% nos próximos cinco anos.
Entre as fontes renováveis de energia, a solar é a que mais cresce no mundo,
sobretudo na modalidade de geração distribuída. Com quase o dobro da irradiação
média anual de países como Alemanha e Espanha, nações europeias que mais
exploram a fonte, o Brasil tem grande potencial de participar desse mercado. As
aplicações dos filmes orgânicos são variadas, incluindo fachadas de prédios,
mobiliário urbano, superfícies de reservatórios, automóveis e galpões
metálicos.
Diferentemente das células tradicionais, os dispositivos orgânicos, feitos com
polímeros e plásticos, representam um décimo da necessidade de carbono do ponto
de vista de sua produção, além de ser leves, transparentes, de fácil transporte
e instalação. Eles permitem a utilização mais limpa e ampla da energia solar
para geração de eletricidade, podendo ser aplicados no revestimento de
estruturas, janelas, dispositivos eletrônicos como celulares, mouses e teclados
sem fio, e até mesmo em veículos ou em casas em localidades remotas ainda sem
eletricidade.
Segundo Júlio Raimundo, diretor da BNDESPAR, a nova fábrica demonstra a
capacidade dos empreendedores no Brasil para desenvolver tecnologias em áreas
que podem promover mudanças significativas na economia. A tecnologia foi
desenvolvida pelo CSEM Brasil, empresa fundada pela Fir Capital e pelo CSEM da
Suiça em 2006, e que contou com investimentos do BNDES e da Fundação de Amparo
à Pesquisa no Estado de Minas Gerais (Fapemig) em infraestrutura de pesquisa e
desenvolvimento na área de eletrônica orgânica.
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