A autogeração de energia deve continuar crescendo no Brasil, segundo especialistas entrevistados pela BNamericas.
Neste tipo de geração, empresas ou consumidores produzem sua própria energia renovável.
Existem três modelos estruturais: o típico, em que o consumidor constrói e opera sua própria usina de forma independente; o arrendamento, em que os ativos da usina são transferidos por um preço fixo; e a autoprodução por meio de contrapartida de ações, em que uma sociedade de propósito específico (SPE) é constituída com um gerador.
A segunda e a terceira opções são as mais adotadas atualmente, segundo a consultoria Thymos Energia, pois o consumidor pode contar com a experiência de um player de geração do setor elétrico para viabilizar a transação.
“Continuamos a ver uma tendência de procura pela estrutura de autoprodução no próximo ano, devido à abertura de mercado que ocorreu este ano e para atendimento a datacenters”, disse à BNamericas Jovanio Santos, diretor de novos negócios da Thymos.
Outro motivo para o crescimento da autoprodução é a redução dos leilões públicos, dada a estagnação do mercado regulado de energia elétrica.
A Empresa Federal de Pesquisa Energética (EPE) estima que a autogeração deve atingir 91,8 TWh até 2034, o equivalente a uma taxa de crescimento anual de 2,4%. Os setores que devem liderar esse crescimento são celulose, siderurgia e petroquímica.
Já no setor de datacenters, o Ministério de Minas e Energia (MME) já registra 9 GW de demanda para conexão a esse mercado até 2035.
A Thymos habilitou mais de 2 GW em contratos de autoprodução nos últimos dois anos. Este volume indica que 40% de todos os contratos assinados no Brasil no período com essas características foram assessorados pela empresa.
A consultoria assessorou recentemente projetos das geradoras Atlas Renewable e Atiaia Renováveis para uma parceria composta por 10 usinas fotovoltaicas, e também da V.tal, que comprou energia para a Tecto, seu braço para negócios de datacenter.
TARIFAS CARAS
Segundo Walter Fróes, fundador da comercializadora de energia CMU, o mercado de autogeração deve crescer ainda mais rapidamente nos próximos anos, dada a tendência de aumento nas tarifas de energia. Ele citou a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), usada para financiar políticas públicas no setor elétrico, como uma das principais responsáveis pelo aumento das tarifas.
Seu peso pode aumentar ainda mais se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não vetar os “jabutis” (emendas ou dispositivos acrescentados a um projeto de lei sem relação com sua finalidade original) no projeto de lei da energia eólica offshore, incluindo a obrigação de contratar termelétricas e gasodutos.
“Serão bilhões de reais que terão de ser pagos por meio da CDE, sendo que o autoprodutor não paga essa conta”, afirmou Fróes à BNamericas.
O executivo acredita que a aprovação do projeto em si é um erro.
“O Brasil tem muito espaço ainda em terra para explorar, e o capex das eólicas offshore é três vezes mais caro”, concluiu.
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