Com preços competitivos e atraentes frente a maioria das tarifas praticadas pelas distribuidoras no ambiente cativo em todo o País, o mercado livre de energia tem se mostrado, cada vez mais, uma oportunidade de redução de custos para empresários e, em 2018, deve continuar ganhando espaço no Brasil. A expectativa de especialistas da área é de que, neste ano, o segmento, que negocia diretamente com o cliente a venda do insumo, deve acompanhar o comportamento dos últimos anos e seguir em expansão.
“Caso a economia cresça de forma real e sustentável, esse processo pode assumir proporções muito maiores, porque a informação vai passando de boca a boca entre os empresários e essa modalidade de livre contratação vai se tornar ainda mais conhecida”, avalia o ex-presidente da Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas e Centrais Geradoras Hidrelétricas (Abrapch) e presidente da Enercons Consultoria em Energia, Ivo Pugnaloni. Ele prevê um crescimento do mercado livre no País em torno de 25%.
Assim como Pugnaloni, o consultor de energia Rafael Herzberg, que atua no estado de São Paulo, reconhece que o contexto econômico brasileiro atual é favorável à migração das empresas, principalmente as indústrias, para o mercado livre. Herzberg pondera, entretanto, que os atrativos e a aparente simplicidade na adoção desse modelo de contratação muitas vezes podem esconder os seus pontos fracos, que devem ser rigorosamente levados em consideração na hora da opção pela mudança.
Como exemplo, o consultor cita o fato de que se o cliente no mercado livre compra energia e não a utiliza, ele precisa vendê-la. Nessa negociação, porém, alerta Herzberg, o consumidor pode perder dinheiro. “Realmente acho que o ambiente livre tem algumas diferenças importantes em relação ao cativo e pode oferecer vantagens competitivas importantes. No entanto, ele representa mais riscos, por conta das questões institucionais do setor elétrico no Brasil, que não goza de credibilidade”, destaca.
Em 2017, a Enercons Consultoria em Energia aponta que seus clientes reduziram os custos com o insumo em 20% com a compra do mercado livre de energia. Em valores correntes, a economia teria sido da ordem de R$ 2,068 milhões. Pugnaloni explica que os preços elevados praticados no mercado cativo têm influenciado cada vez mais a migração, hoje intensa entre as empresas de médio porte, principalmente. Esse grupo está inserido entre os consumidores especiais, cujo contrato é de 500kW a 3 mil kW.
O mercado livre de energia responde, hoje, por 30% de todo o consumo do País. Segundo Herzberg, a maior parte dos estados contam com um preço corrente para entrega futura, nesse segmento, em torno de R$ 200/MWh, caso da energia convencional, e de R$ 250/ MWh, para a energia incentivada. Enquanto isso, no mercado cativo, o custo é de cerca de R$ 300/ MWh, podendo ultrapassar este valor em alguns casos.
No ano passado, a CMU Comercializadora de Energia, com sede em Belo Horizonte, viu a carteira de clientes crescer cerca de 12%. Para o diretor-geral da empresa, Walter Fróes, 2018, no entanto, começou indefinido para o mercado livre de energia. De acordo com ele, apesar da expectativa de queda nos preços do insumo devido à previsão de temporada de chuvas para este ano, o aquecimento da economia pode puxar os valores novamente para cima, afetando o segmento.
“Isso dificulta um pouco a migração, porque se o mercado livre estiver caro, ele se torna menos atrativo. Logo, o mercado livre, se tiver crescimento, não deve ser tão grande como foi em 2015, quando houve migração em massa. Crescimento deve ser pontual neste ano”, analisa Fróes.
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