Menos de 24 horas depois que um apagão atingiu parte das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e os estados do Acre e Rondônia, nova pane provocou a interrupção no fornecimento de energia elétrica em 80% do Distrito Federal, inclusive na Esplanada dos Ministérios. Em Belo Horizonte, um defeito em uma subestação no Bairro Palmares deixou 16 bairros da Região Nordeste da capital sem energia ontem entre as 18h03 e as 18h37, segundo a Cemig. A empresa informou que está apurado as causas do defeito.
Diante das seguidas panes, ontem o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, anunciou que vai criar uma força-tarefa para avaliar os problemas da transmissão de energia elétrica no Brasil. Participariam desse esforço, empresas do setor elétrico, como Furnas, técnicos do ministério, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e o Centro de Pesquisa de Energia Elétrica (Cepel).
Especialistas acreditam, porém, que depois de ser ameaçado, em 2001, pela insuficiência na geração, o fornecimento de energia elétrica no país está sofrendo com a incapacidade de distribuição na ponta do consumo. Problemas podem ocorrer, mas as explicações sobre as causas estão demorando muito a chegar. Estamos vendo um consumo de energia muito elevado na ponta. Isso pode indicar dificuldade para suprir o sistema na entrega ao consumidor. O consumo no horário de pico está muito próximo da capacidade instalada e isso pode levar a falhas como a que ocorreu ontem (anteontem), diz Walter Froes, diretor-executivo da CMU Comercializadora de Energia.
Para Luiz Pinguelli Rosa, professor e diretor do Instituto Alberto Luis Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tudo indica que os problemas realmente estão na distribuição. Há cerca de duas semanas houve problemas na distribuição no Norte e no Nordeste. O lado positivo, na avaliação dele, é que a interrupção do fornecimento foi isolada e durou pouco.
Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o apagão foi ocasionado por um incêndio em um transformador em uma subestação de Furnas, em Foz do Iguaçu. A empresa negou, no entanto, ter responsabilidade na falta de energia elétrica que atingiu o Distrito Federal e também rechaçou a existência de problemas de manutenção em sua rede. Para o ministro das Minas e Energia, as falhas dos últimos dias aconteceram por mera coincidência. Segundo ele, não houve aumento na frequência dessas quedas. Foi uma mera coincidência. São episódios que lamentavelmente acontecem, disse Lobão após reunião extraordinária do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), em Brasília.
O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, afirmou que esses episódios não podem ser classificados como apagão ou blecautes que são falhas descontroladas e que atingem grandes regiões. De acordo com ele, as quedas de energia provocadas pelas falhas em Imperatriz (MA) e em Foz do Iguaçu (PR) foram seletivas e controladas, feitas para evitar um mal maior. Por sua vez, Itaipu afirmou, em nota, que a interrupção no fornecimento de energia a regiões do país ocorrida na noite de quarta-feira não tem relação com a usina. Não estamos imunes a falhas. Nenhum sistema elétrico do mundo está imune a perturbações”, disse o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, em nota.
(Com agências)
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