Operador Nacional do Sistema Elétrico prevê travessia do período úmido para o seco mais segura este ano, o que permitirá a manutenção da bandeira tarifária verde
A tendência é que o setor elétrico passe todo o restante do ano de 2022 com a bandeira verde nas tarifas de energia, ou seja, semcobrança extra, segundo o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi. O setor elétrico não deve pesar no bolso do consumidor neste ano, afirmou.
Segundo ele, isso ocorre porque os reservatórios das usinas hidrelétricas se recuperaram fortemente nos últimos meses, depois da seca do ano passado.
“Nessa situação, a tendência, a expectativa, é que a gente passe todo o ano com bandeira verde”, disse o diretor, em entrevista coletiva para falar sobre o início do período seco do ano, que vai do fim de abril a outubro.
Até este mês, as tarifas embutiam a “bandeira de escassez hídrica”, com cobrança do valor extra de R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos. O objetivo da taxação é sinalizar aos consumidores os custos adicionais da operação do setor elétrico com as medidas para lidar com a crise hídrica adotadas no ano passado, como o acionamento de usinas termelétricas.
Tendência é que o setor elétrico passe todo o restante do ano de 2022 com a bandeira verde nas tarifas de energia, ou seja, sem cobrança extra, segundo ONS
O ONS prevê uma travessia do período úmido para o seco mais segura este ano do que ocorreu em 2021, afirmou Ciocchi. No ano passado, o Brasil viveu a pior seca em 91 anos, o que afetou os reservatórios das hidrelétricas e gerou incertezas sobre o fornecimento de energia elétrica. O cenário levou à adoção de medidas como o acionamento de termelétricas.
“Estamos conseguindo atingir níveis de reservatórios que não tínhamos há muito tempo”, disse. Segundo Ciocchi, as reservas se recuperaram ao longo do período úmido, de novembro a abril, principalmente no Sudeste, Nordeste e Norte. Ele apontou que o Sudestes/Centro-Oeste iniciam o período seco nos maiores níveis desde 2012.
“Temos de partida uma situação bem mais confortável do que tivemos no ano passado”, afirmou. Ele ressalvou, no entanto, que as hidrelétricas no Sul também estão se recuperando, mas que a região ainda demanda reservas, dado que a demanda é alta.
Reservatórios chegam ao período seco com 63,1% de armazenamento
Os reservatórios do Sistema Interligado Nacional (SIN) chegam ao início do período seco do ano com um volume de armazenamento de água de 63,1%, antes dos 35,3% do ano passado. “Estamos com os reservatórios em uma boa condição. Só vamos ter despacho térmico dentro da ordem de mérito, ou seja, somente usando térmicas inflexíveis”, afirmou. Dessa forma, sem a necessidade de acionar outras usinas.
Brasil precisa de até 6 mil MW de térmicas em 2022
O Brasil deve precisar de 6 mil megawatts (MW) de usinas termelétricas para fornecer energia este ano, ante os mais de 20 mil MW que foram demandados no ano passado para lidar com a seca nos reservatórios das usinas hidrelétricas.
Segundo Luiz Carlos Ciocchi, o ONS conta com o acionamento das termelétricas contratadas no leilão emergencial do ano passado, que devem ser acionadas a partir de maio. “Nosso desejo é que esses empreendedores consigam entregar essas usinas”, afirmou.
Ele afirmou que o uso dessas usinas não deve ter impacto tarifário e que é importante manter o respeito aos contratos que foram assinados no leilão. “Preservar o arcabouço jurídico é muito importante, isso traz confiança e estabilidade”.
O ano de 2023 deve ser mais tranquilo do que este ano do ponto de vista de estrutura para o abastecimento de energia elétrica, apesar de ser difícil prever a situação dos reservatórios, apontou o Ciocchi.
O executivo apontou que o Brasil ainda tem limitações da transmissão de energia no eixo Norte-Nordeste para o Sudeste. No entanto, segundo ele, a integração está avançando.
“Mantidas as condições, teremos um ano mais tranquilo em termos de garantia de abastecimento”, afirmou.
Comentários