A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) adiou o pagamento dos débitos das distribuidoras de energia relativos ao mês de novembro de 2014, que representam 30,92% do valor total contabilizado. A data do pagamento dessas empresas, que estava agendada para 13/01/2015, foi postergada para 30/01/2015. Para os demais agentes do setor (consumidores e geradores, por exemplo), foi mantida a data original de pagamento. Vale destacar que a postergação prejudicou os agentes credores, pois eles receberam apenas 69,08% de seus créditos em 14/01.
Entenda por quê:
Nos últimos leilões do governo, foram estabelecidos preços máximos de contratação muito abaixo daqueles que estavam sendo praticados no mercado. Assim, a venda nos leilões não se mostrou atrativa para a maioria dos investidores e as empresas de distribuição não conseguiram contratar toda a sua demanda para o ano de 2014.
Parcialmente descontratadas, as distribuidoras precisaram adquirir energia no mercado a preços de curto prazo, que foram extremamente elevados durante o último ano em função das condições hidrológicas desfavoráveis. As distribuidoras tiveram então altos valores a pagar na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e anunciaram que não possuíam caixa suficiente para arcar com a dívida. Isso porque, pelas regras do mercado, elas são ressarcidas somente no momento do reajuste tarifário, quando todas as despesas do ano são contabilizadas e repassadas para a tarifa dos consumidores.
A solução dada pelo governo para socorrer as empresas foi a captação de empréstimos, que até o momento somam R$ 17,8 bilhões. Como os recursos foram suficientes para arcar com as dívidas somente até o mês de outubro de 2014, o governo adiou a data da liquidação de novembro para as distribuidoras e acaba de anunciar um novo pacote de empréstimos de ajuda no valor de R$ 2,5 bilhões.
Vale ressaltar que todos esses empréstimos além de outros custos igualmente bilionários, decorrentes de outros imbróglios recentes serão repassados para as tarifas de energia do consumidor nos próximos reajustes tarifários. Os consumidores pagarão a conta do mau planejamento do governo e da tentativa de esconder os custos reais da energia elétrica.
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