Previsão é que o crescimento seja semelhante em 2025

O mercado livre de energia está em alta. Os números de migrações do mercado regulado para o não-regulado atingiram volume recorde em 2024, de acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), e a previsão é que o crescimento seja semelhante este ano.
De acordo com a CCEE, 26,8 mil migrações para o mercado livre foram realizadas no ano passado, um volume que supera em mais de três vezes os resultados de 2023. Os dados fazem parte de um estudo feito pela organização, responsável pelo cadastro de consumidores no segmento e pela gestão e contabilização de contratos.
A região Sudeste é a que responde pelo maior volume de mudanças, sendo responsável por 50% dos novos consumidores no mercado livre. Minas Gerais ocupa o quinto lugar no ranking das migrações, com 1.749 delas realizadas. Em primeiro está São Paulo (8,8 mil), seguido do Rio Grande do Sul (2,6 mil), Paraná (2,2 mil) e Rio de Janeiro (1,9 mil).
Os dados mostram uma transformação no perfil dos consumidores. Das realizadas este ano, 92% tinham demanda inferior a 0,5 megawatt (MW), ou seja, unidades consideradas de tamanho médio a pequeno que podem ser desde empresas de pequeno porte a pessoas físicas.
O CEO da CMU Energia, Walter Fróes, comenta que o aumento deve-se à abertura do mercado livre, ocorrida em 2024, para este tipo de cliente. “Esse é o mercado varejista que tem potencial para 250 mil novos consumidores no Brasil. É o nosso grande vetor de crescimento”, observa.
Com a onda migratória, a Câmara de Comercialização encerrou 2024 com um quadro de 64.493 unidades consumidoras registradas, que representam cerca de 39% da demanda nacional por energia. Em 2025, este total continuará crescendo em ritmo semelhante.
Setor de serviços e comércio respondem pela metade das migrações
Ainda de acordo com os dados do relatório da CCEE, dos 15 ramos de atividades econômicas que estão aderindo ao mercado livre, o de serviços foi o que mais migrou, sendo responsável por mais de 7 mil migrações.
Junto com o comércio (6,3 mil), eles respondem por mais da metade das migrações do ano passado. Em seguida vem o ramo alimentício (3,1 mil), os diversos manufaturados (2,9 mil) e para fechar os cinco setores que mais demandaram vem o quinto lugar que foi ocupado pelo saneamento (2,2 mil). As pessoas físicas foram responsáveis por 342 migrações, ocupando o último lugar dos ramos analisados.
Geração off-grid é grande vetor de crescimento
Intercalando com São Paulo na geração de energia solar, Minas Gerais se destaca na produção de energia elétrica proveniente do sol. Nos últimos cinco anos, o estado mineiro somou cerca de R$ 80,6 bilhões em aportes anunciados no setor de energia solar, segundo dados da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Sede).
Nesse cenário, a região Norte do Estado tem se destacado. Entretanto, Walter Fróes, comenta que o Norte de Minas, “está quase se esgotando em termos de capacidade de geração e injeção de energia on-grid [sistema fotovoltaico conectado à rede]”.
Ele comenta que a geração doméstica, com as micro usinas, deve continuar crescendo, mas não espera uma grande expansão para a geração centralizada. “A geração distribuída também tá muito limitada, não vejo condições de mais crescimento”, afirma.
Fróes disse acreditar que a geração off-grid, ou seja, aquela em que o sistema não é conectado à rede elétrica e que armazena a energia solar excedente em baterias para ser utilizada quando não houver produção, seja o grande vetor de crescimento do setor, além do varejista.
Ele explica que em regiões onde a companhia energética do Estado não consegue chegar, há demandas como as do agronegócio, que torna esse modelo uma grande oportunidade. “Eles usam o diesel para fazer funcionar bombas e motores, fazer irrigações, puxar a água, e o diesel é mais caro, vejo aí uma oportunidade de crescimento”, diz.
Para ele, assim como as placas reduziram mais de 90% no valor ao longo dos anos, o sistema de armazenamento de energia também tende a reduzir e se tornar a grande tendência do setor de energia solar. “O ator nacional do sistema precisa ter em mãos energia estocada. Não choveu, não fez sol, não ventou ou está de noite, precisa de energia estocada. O armazenamento é o futuro”, ressalta.
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