Entrevista com Walter Fróes, CEO da CMU Comercializadora de Energia
Nos próximos quatro anos, a comercializadora de energia CMU vê potencial para construção de 29 novas usinas e comercializar 19 GWp médios (5GWm) – o equivalente a 6% do atual consumo de energia nacional – para os consumidores do mercado livre.
As usinas serão instaladas no Sudeste e Centro-Oeste, em uma área correspondente a 36 mil hectares.
Em entrevista à agência epbr, o CEO da CMU, Walter Fróes, conta que a empresa está investindo cerca de R$ 6 bilhões para atender clientes da alta tensão até janeiro de 2024 com 600 MW médios, com destaque para o modelo de autoprodução.
Desde 2019, a companhia investiu R$ 4 bilhões na construção de seis usinas solares com capacidade de 1,2 GWp, localizadas em Várzea da Palma e Paracatu, em Minas Gerais, e Castilho, em São Paulo.
“A gente transfere a titularidade da planta para o consumidor. Isso dá muito benefício para ele. Por exemplo, no caso do ICMS, como a planta está no CNPJ do cliente, não há o fato gerador do ICMS. Então, ele tem a redução da CDE [Conta de Desenvolvimento Energético], energia de reserva, Proinfra, entre outros”.
O executivo calcula que a margem de economia no mercado livre pode chegar a 20%.
Mudanças nesse mercado propostas no PL 414 poderão trazer limitação futura para a autoprodução, mas a CMU, em parceria com Solatio, já tem 21 GW em projetos desenvolvidos, autorizados e outorgados para o segmento.
“Nós criamos um negócio que investe para evitar que o Estado tenha que investir para entregar energia à população. Como nós temos mais de 20 GW ainda disponível em usinas a serem instaladas e não vendidas, isso vai montar algo como 4,5 mil MWmédios, com outorgas emitidas, e todas com o desconto em fio assegurado porque são anteriores a março deste ano, quando caiu o benefício do desconto no fio”, conta.
Para Walter, faz sentido ter alguma limitação, desde que não seja retroativo.
“Embora apenas 0,03% dos consumidores de energia no Brasil estejam no mercado livre, eles consomem 34% da energia gerada no país. Imagina se tudo isso migrasse para a autoprodução. A conta da CDE ia subir 50% para quem permanecesse nela. E ela não é barata”.
O orçamento da CDE para 2022 aprovado pela Aneel é de R$ 32,09 bilhões.
“Esse dinheiro tem que ser pago sim ou sim”.
Embora considere o texto “justo, apesar das emendas”, Walter não acredita em uma votação no plenário ainda este ano.
Foi criada uma comissão especial na Câmara e versões preliminares do relatório circulam entre o governo e agentes do mercado desde julho.
O relator é o deputado Fernando Coelho Filho (União/PE), ex-ministro de Minas e Energia no governo de Michel Temer, que já demonstrou preocupações com o equilíbrio do mercado pós-abertura.
Uma delas é justamente o rateio de encargos e subsídios entre quem fica no mercado cativo.
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