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ONS registra seis recordes de geração de energia solar e eólica

Entre os resultados está o da Geração Eólica Média no Nordeste, que apresentou seu melhor resultado este ano
 

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) registrou no último fim de semana, dias 23 e 24 de julho, seis novos recordes da geração de energia solar e eólica no Brasil. Entre os resultados está o primeiro recorde do ano de geração média de energia eólica, no subsistema do Nordeste.  No domingo (24/7), foram registrados 12.494 MW médios de energia, ante o último recorde, de 11.907 MW, em 6 de agosto de 2021.

Os registros de geração eólica ao longo do fim de semana representam mais de 120% da demanda do Nordeste. Em geração de energia instantânea, houve no domingo (24), o pico de 14.473 MW, às 22h12. O recorde anterior era de 14.167 MW, no dia 8 de julho deste ano. O ONS também anunciou recordes em geração de energia solar no subsistema do Nordeste e no Sistema Interligado Nacional (SIN).

No sábado (23), em geração média, o subsistema Nordeste atingiu 1.118 MW, representando 10,3% da demanda da região. O anterior foi no último dia 20 de julho deste ano, com 1.086 MW. Em geração instantânea, o marco do subsistema foi de 3.107 MW, às 10h33, do dia 23 desse mês, ante os 2.985 MW no dia 20. Essa geração representou 31% da demanda da região.

Em todo o Sistema Interligado Nacional (SIN), o pico de geração energia solar instantânea foi de 4.194 MW, às 11h56 do último sábado. Esse registro representou 6,9% da demanda de todo o SIN. O recorde anterior registrado no último dia 20 deste mês, foi de 4.046. De geração média, o SIN ultrapassou os 1.451MW de 20 de julho, chegando a 1.484 MW, o que representou 2,3% da demanda de energia solar do sistema. ​

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Governo avalia incluir fonte solar em novos leilões e criar marco legal para armazenamento

As exigências do mercado de capitais para o combate às emissões de gás carbônico e a trajetória de redução de custos de equipamentos formam um ambiente promissor para a fonte solar fotovoltaica. Os investimentos na indústria de geração de energia solar brasileira podem superar R$ 160 bilhões nos próximos dez anos, de acordo com projeções da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

No fim de junho, representantes da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) se reuniram com o novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida. No encontro, ouviram dele que é oportuno incluir a fonte solar no leilão de geração de energia nova A-6, marcado para 16 de setembro, assim como incluir fontes renováveis e armazenamento de energia no leilão de reserva de capacidade, previsto para o fim do ano. Além disso, houve a sinalização de que a geração distribuída (GD) possa ser contemplada com debêntures de infraestrutura incentivada e sobre a possibilidade de um marco legal para o armazenamento de de energia no leilão de reserva de capacidade, previsto para o fim do ano. Além disso, houve a sinalização de que a geração distribuída (GD) possa ser contemplada com debêntures de infraestrutura incentivada e sobre a possibilidade de um marco legal para o armazenamento de energia. Neste sentido, o governo publicou esta semana decreto que permite operações de comércio exterior de lítio, matéria prima de baterias elétricas.

No Brasil, o cenário é favorável não só para a GD, cujo marco legal foi aprovado no início deste ano, mas também para a produção de energia solar centralizada. De acordo com dados do Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2031, elaborado pela EPE, a capacidade instalada da fonte solar centralizada no país deve mais que dobrar dos atuais 4,4 gigawatts (GW) para 10,4 GW no fim desta década.

Diversidade geográfica

Assim como ocorre com a fonte eólica, a geração solar tem ganhado espaço tanto no mercado regulado, por meio dos leilões, quanto no ambiente livre, em contratos negociados diretamente com grandes consumidores de energia e autoprodutores. No caso da fonte solar, porém, uma vantagem é que a tecnologia tem potencial maior de diversidade geográfica, enquanto a eólica fica restrita às “jazidas de vento”, principalmente no interior e no litoral nordestinos.

“Se existe conexão, é possível construir uma usina solar”, comenta Ricardo Barros, country manager da Lightsource bp no Brasil. Segundo ele, a empresa tem “nome e sobrenome”, por ser uma joint venture entre Lightsource e a gigante energética britânica BP. Com atuação em 19 países, a companhia tem planos de alcançar globalmente 25 GW de capacidade instalada.

No Brasil, a empresa possui um portfólio de 4 GW de fonte solar centralizada. Além disso, está implantando o parque solar de Milagres, de 210 megawatts-pico (MWp), em Abaiá (CE), com início de operação previsto para o início de 2024. Voltado integralmente para o mercado livre, o empreendimento tem investimentos previstos de R$ 800 milhões, com financiamento do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FNDE) e do Banco do Brasil.

A Lightsource bp já possui quatro contratos de suprimento de energia de longo prazo (PPA, na sigla em inglês) firmados para o parque. Um deles foi assinado com a Casa dos Ventos, desenvolvedora de projetos de energia renováveis. Com duração de dez anos, foi o primeiro PPA firmado pela Casa dos Ventos como compradora de energia.

Barros conta que, além da carteira de 4 GW de projetos, a Lightsource bp analisa oportunidades de aquisições de ativos no setor. “Vamos às compras de projetos mais maduros”, explicou o executivo, acrescentando que a empresa olha principalmente projetos que já possuem outorga e parecer de acesso ao Sistema Interligado Nacional (SIN).

Investimento chinês

Na mesma linha, a fabricante chinesa de módulos fotovoltaicos, veículos elétricos e baterias de lítio-ferro BYD está otimista com o potencial de crescimento de mercado no Brasil, considerado o principal país para investimentos do grupo fora da China, segundo Marcelo Taborda, diretor de vendas da BYD Brasil.

“O Brasil é o país que a BYD escolheu para fazer o maior investimento fora da China”, disse o executivo. Segundo ele, o plano da companhia é fazer do Brasil a base de suprimento para o mercado de fontes renováveis na América Latina. A região é considerada estratégica para a BYD, devido às grandes reservas de lítio, situadas na Bolívia e em parte da Argentina e Brasil. “Estamos muito próximos da fonte”, completou.

A área de negócios voltada à energia solar já responde por 50% do faturamento da empresa no Brasil. Segundo Taborda, a BYD Brasil tem 1,2 GW em projetos em andamento para a geração centralizada no país, em um modelo no qual a companhia terá participação acionária nos parques. No caso da GD, a companhia tem uma previsão de vendas da ordem de 1,1 GW em módulos até o fim de 2023.

A BYD possui três unidades fabris no Brasil, duas em Campinas (SP), onde produz caminhões elétricos e módulos fotovoltaicos e outra em Manaus (AM), com fabricação de baterias. Segundo Taborda, a companhia analisa oportunidades de instalar novas unidades no Brasil, nos três ramos de atuação: mobilidade elétrica, módulos fotovoltaicos e baterias.

Também na área de fornecedores, a mineira Concert Technologies, especializada em tecnologia e soluções principalmente para os setores elétrico e aeroespacial, tem participado de projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) nas áreas de armazenamento de energia e GD. Nesse segmento, a companhia tem desenvolvido sistema de gestão de recursos energéticos distribuídos e construção de usinas fotovoltaicas.

“Ter o domínio da tecnologia sempre foi muito importante para nós”, afirma Petrônio Spyer, diretor da Concert. A empresa tem longa trajetória no setor elétrico, que responde por 90% do faturamento da companhia, com destaque para soluções de automação e sistemas de supervisão e controle. A companhia, por exemplo, forneceu e presta suporte para o sistema de supervisão e controle do centro de operação de distribuição da Cemig, o maior da América Latina.

Geração distribuída

Na área de GD, o cenário também é muito favorável. De acordo com o PDE 2031, o segmento deve acrescentar 37 GW no sistema brasileiro nos próximos dez anos. Desse total, a fonte solar responderá por aproximadamente 93%.

No primeiro semestre deste ano, os investimentos em GD a energia solar aumentaram 41%, para R$ 59,5 bilhões, segundo levantamento feito pela distribuidora de equipamentos fotovoltaicos Elgin, com base em dados da Absolar. No mesmo período, a capacidade instalada de sistemas de geração própria de energia solar saltou 30%, para 11 GW, e o nível de empregos no setor cresceu 31%, para 330 mil vagas ocupadas.

“No último ano, a energia solar tornou-se um investimento bastante rentável e ajudou a aliviar o orçamento das famílias brasileiras, considerando que o Brasil viveu uma das maiores inflações energéticas da história”, disse Glauco Santos, diretor da divisão de energia solar da Elgin.

Walter Fróes, presidente da CMU Energia, comercializadora de energia e investidora em fonte solar, a redução dos custos da tecnologia e a estabilidade regulatória são os principais fatores para o crescimento da GD no país. “O marco da GD foi um grande avanço”, afirmou o executivo. “E existe um mérito enorme da Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica], que tentou levar os benefícios do mercado livre para a GD”.

A CMU alcançou a marca de 50 mil clientes em GD. A meta da companhia é chegar a 200 mil clientes até o fim deste ano. Em parceria, com a Solatio, a CMU está arrendando 70 novas usinas solares em Minas Gerais a serem entregues até o fim deste ano, elevando o parque gerador da empresa para 150 usinas, totalizando cerca de 150 megawatts (MW).

A expectativa da CMU é que a área de GD residencial e para pequenos negócios responda por 60% do faturamento da companhia até 2023.

Abertura do mercado de energia: 24 anos em 2 meses

Governo avança na reforma estrutural do setor visando a melhorar o custo-benefício ao consumidor

Linhas de transmissão de de energia elétrica. Articulista afirma que a expansão do mercado livre de energia é propulsora de novos investimentos, principalmente em fontes renováveis

O Diário Oficial da União de desta 3ª feira (26.jul.2022) traz um fato histórico para o processo de abertura do mercado de energia elétrica no Brasil. O Ministério de Minas e Energia (MME) publicou portaria determinando a abertura de consulta pública para conceder o direito de escolher o fornecedor de energia para todos os consumidores conectados à rede de alta tensão a partir de janeiro de 2024.

Dois meses depois de assumir o MME, o ministro Adolfo Sachsida sinaliza finalmente que o Poder Executivo pretende romper com a barreira dos 500 kW de demanda mínima para o acesso ao mercado livre de energia.

Avança 24 anos em 2 meses, pois o último avanço regulatório efetivo em termos de abertura foi com a Lei 9.648/1998, que alterou a Lei 9.427/1996 e criou o consumidor livre especial com carga maior ou igual a 500 kW. Tanto o ministro quanto a equipe do MME devem receber os parabéns por esse passo importante da reforma estrutural do setor de energia elétrica.

Uma vez concretizada, a medida beneficiará um conjunto adicional de pouco mais de 100 mil consumidores, com conta de luz acima de R$ 10 mil por mês, e terá potencial de injetar na economia R$ 2,6 bilhões por ano, fruto da redução da conta de luz desses consumidores.

É uma economia que faz toda a diferença. Em média, o mercado livre oferece economia de 30% no gasto com a energia elétrica, o que valerá também para esses consumidores conectados à rede de alta tensão, como indústrias e comércio de menor porte, responsáveis pela criação de milhões de empregos no país. Com a migração desses consumidores o mercado livre de energia pode passar a ser responsável pelo atendimento de 48% do consumo nacional de eletricidade, contra 36% atualmente.

A ampliação do acesso ao mercado livre de energia elétrica por portaria ministerial tem amparo jurídico. A Lei 9.074/1995 autoriza o MME a avançar no processo de abertura por portaria, o que é corroborado pela Conjur-MME em parecer de 2018.

Com essa sustentação, em 2019, o MME publicou a Portaria 465/2019, demandando da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) estudos para subsidiar a universalização do acesso ao mercado livre –etapa que foi cumprida em janeiro deste ano com conclusões favoráveis à abertura.

A visão favorável das duas instituições encontra eco no mercado. Um mapeamento das contribuições oferecidas no processo de tomada de subsídios da Aneel, sobre a abertura completa do mercado elétrico, mostrou unanimidade: nenhum agente opinou contrariamente e houve convergência para a abertura do mercado de alta tensão em janeiro de 2024, em linha com o cronograma proposto pela Abraceel (Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia) e, agora, pelo MME.

A recente decisão do MME está em acordo com o PL 414 (íntegra – 191 KB), que propõe medidas para modernizar estruturalmente o setor elétrico. No projeto de lei, está estipulado que todos os consumidores devem ter direito de escolher o fornecedor de energia em até 42 meses a partir da sanção da lei, ficando a cargo do MME determinar cronograma intermediário. O Congresso Nacional discute o prazo máximo para a abertura, o Poder Executivo determina as etapas intermediárias.

Com esse movimento do MME, ganha força o PL 414, que busca beneficiar 89 milhões de consumidores. Isso porque a abertura completa do mercado de energia elétrica no Brasil tem potencial de, até 2035, reduzir R$ 210 bilhões nos gastos com energia elétrica, criar 642 mil empregos e resultar em um desconto médio de 27% na compra de energia, o que, consequentemente, permitirá uma redução média de 15% na conta de luz. Tais benefícios contribuirão para desacelerar o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em 0,61 ponto percentual.

Além disso, é importante ressaltar que a expansão do mercado livre de energia é propulsora de novos investimentos, principalmente em fontes renováveis. Do total de 45 GW de energia elétrica centralizada que estão em fase de construção para até 2026 entrar em operação, 83% estão sendo viabilizados pelo mercado livre, o que representa mais de R$ 150 bilhões de investimentos nos próximos 5 anos.

Como o ministro Adolfo Sachsida disse em recente discurso, “toda jornada começa com o 1º passo”. A abertura completa do mercado de energia, que ganha impulso agora, sinaliza o Brasil como um porto seguro para os investimentos, principalmente em energia renovável, e coloca o consumidor cada vez mais como protagonista do setor, com mais poder de decisão e livre para decidir seus próprios rumos. Essa é a reforma estrutural que trará uma energia mais barata e competitiva para o país.

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