Pesquisar
Close this search box.

Economize até 35% na conta
de energia da sua empresa.

Corte de energia traz de volta o fantasma do apagão

O corte de energia que atingiu diversas cidades em dez Estados brasileiros e no
Distrito Federal
 entre 14h55 e 15h45 desta segunda-feria poderia ter sido pior.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) precisou 
desconectar milhares de unidades consumidoras
do sistema de fornecimento para evitar um blecaute muito mais amplo, que
poderia deixar dezenas de milhões de brasileiros sem energia por mais de quatro
horas, e causar imensos transtornos no trânsito, transportes públicos,
hospitais, escolas e na atividade industrial, e ainda danificar a
infraestrutura de geradores de energia, entre outros desastres.  

Os problemas
causados nos desligamentos pontuais, como o que aconteceu desta vez, são menos
danosos do que em um grande blecaute, que pode demorar horas para ser revertido.
Mas os danos menores não escondem falhas que refletem problemas sistêmicos da
nossa matriz energética – e podem fazer o país voltar a conviver com
o fantasma do apagão. 

Cortes são
automaticamente programados para acontecer caso haja um desequilíbrio grande
entre a geração e o consumo de energia. Assim que o risco de uma pane cresce, a
frequência de transmissão de energia para algumas áreas é reduzida a menos de
60 Hz (frequência habitual).

Instantaneamente essas áreas, previamente
selecionadas pelo ONS junto com as distribuidoras, são desconectadas do sistema
elétrico nacional. Aos poucos, o religamento é feito e distribuição volta ao
normal – o tempo médio de desligamento é de aproximadamente uma
hora. Procedimentos desse tipo podem ser adotados em diversas
circunstâncias, como em picos de consumo que não conseguem ser rapidamente
supridos pelo aumento da oferta. 

O ONS ainda não divulgou o motivo principal do corte desta segunda,
embora o ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga, tenha atribuído o
problema a uma 
falha numa rede de transmissão.

Especialistas
ouvidos pelo site de VEJA, porém, acreditam que os cortes estejam, sim,
relacionados ao pico de consumo, argumento plausível em pleno verão. Com
temperaturas acima de 30 graus Celsius e pouca chuva, crescem as vendas de
aparelhos de ar condicionado e ventiladores. O horário também contribuiu: se
antes o pico de consumo de eletricidade se dava entre 17 horas e 20 horas,
quando o brasileiro chegava do trabalho, hoje ele mudou para entre 15 horas e
16 horas, quando os aparelhos de ar condicionado estão ligados em sua potência
máxima nos escritórios e residências pelo país.

A questão não é apenas o desligamento pontual de algumas
unidades consumidoras por uma hora, mas a frequência com que esses episódios
podem ocorrer daqui para frente.


Sistema – O Brasil vive um problema
sistêmico. Nossa matriz energética é baseada em usinas hidrelétricas que, há 20
anos, conseguiam armazenar água suficiente para gerar energia por até cinco
anos caso o país passasse por um período de seca. Hoje, porém, por
questões ambientais, os reservatórios das 
novas usinas são bem menores, do tipo fio d’água, e a nossa
“independência” das chuvas é de menos de seis meses. Para
completar o fornecimento em casos de baixos índíces pluviométricos, foram
construídas, desde 2001, usinas térmicas.

Seu objetivo era, inicialmente, trabalhar por períodos curtos, de forma
emergencial. Porém, com a mudança no regime de chuvas, desde o
 início de 2014 praticamente
todas as térmicas (são mais de 1.000) estão ligadas para tentar preservar o
nível dos reservatórios. No principal subsistema nacional, o
Sudeste/Centro-Oeste, as reservas já despencaram para 18,27%. Para dar conta da
demanda, algumas térmicas foram obrigadas a adiar sua manutenção periódica, o
que prejudica seu pleno funcionamento. Nesta semana, veio à tona a notícia de
que a maior usina a óleo, Suape II (Pernambuco) precisou 
reduzir em 94% sua produção de energia, depois
que uma pane grave ocorreu em suas máquinas. O parque vinha trabalhando em sua
capacidade máxima, de 381,2 megawatts (MW), suficiente para abastecer uma
cidade de 2 milhões de habitantes – uma Curitiba (PR) inteira. Hoje ela só está
conseguindo gerar 22 MW.

O diretor-executivo
da Safira Energia, Mikio Kawai Jr., explica que o cenário em 2014 foi o pior
desde 1955 e, para atender à demanda atual, as termoelétricas deverão
permanecer ligadas durante todo o ano de 2015, aumentando consideravelmente o
custo de geração de energia por serem bem mais caras do que as hidrelétricas.
“Para estancar a crise, seria necessário chover o acumulado igual ou superior à
média histórica de 80% da MLT (média de longo termo), o que não acontecerá por
ora”, diz Kawai Jr. Com o fornecimento vindo em grande parte de térmicas,
o preço da energia deve subir, em média, 40% para os consumidores.

Chuvas – Um relatório da XP Investimentos, baseado em dados do próprio ONS,
mostrou que o regime de chuvas brasileiro está mudando. Segundo Guilherme
Villani, o aquecimento do Pacífico Sul e do Atlântico Sul ocorreu em uma
velocidade maior e mais intensa do que o esperado no ano passado, antecipando
para janeiro a formação de massas de ar seco no Sudeste e Nordeste,
principalmente. Com isso, as precipitações em janeiro, fevereiro e março de
2014 ficaram bem abaixo da expectativa e o sistema elétrico foi prejudicado.
Villani destaca que a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) não havia
incorporado em suas previsões e planejamentos eventos climáticos extremos como
estes e, por isso, acredita que a necessidade de racionamento de energia por
déficit de abastecimento é cada vez mais provável em 2015.

Walter Fróes,
diretor-geral da CMU Comercializadora de Energia, concorda com essa tese. Ele
explica que não há outra alternativa, dada a situação desfavorável, senão um
racionamento de energia. “O setor precisa de racionalidade. Não dá mais para
fingir que não existe o problema. É preciso enfrentá-lo”, afirma.

Muito do que o país
vive hoje se deve à falta de planejamento e investimentos no setor, segundo
Walfrido Victorino Ávila, diretor-presidente da Tradener, empresa de
comercialização de energia do Paraná. “Dava para saber que teríamos um período
difícil em algum momento. Passamos oito anos seguidos de chuvas acima da média
e já estamos a três anos com escassez. Mas ninguém se preocupou”, disse. Ele é
enfático ao dizer que se o Brasil quiser crescer, é preciso resolver a questão
da matriz energética. Uma saída seria aumentar o tamanho dos reservatórios das
usinas hidrelétricas que serão construídas daqui em diante – as que estão quase
prontas para entrar no sistema não têm lugares grandes para armazenar. “Não
adianta ter um sistema hidráulico que só funciona bem na época de chuvas.” A
construção de mais térmicas seria uma alternativa para o curto e médio prazo,
mas só grandes investimentos em fontes de energias alternativas, como eólica,
solar e biomassa, pode ajudar no longo prazo.

  

Para evitar pane geral, luz é cortada em 10 estados

O aumento do consumo de energia devido às altas temperaturas associado à interrupção na transferência de energia das regiões Norte e Nordeste para abastecer o sistema do Sudeste deixou ontem no escuro 10 estados e o Distrito Federal, por volta das 15h.


 A ordem para as companhias distribuidoras reduzirem o fornecimento foi dada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), órgão federal responsável pela gestão de energia, que demorou para informar o motivo à imprensa e à população. O apagão durou 50 minutos, afetando mais de 22,6 milhões de consumidores. 

A medida deixou sem luz moradores de Belo Horizonte e de cidades do interior de Minas Gerais, a exemplo de Uberaba e Uberlândia, no Triângulo mineiro, e em São Paulo o metrô não escapou do desligamento. À noite, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, justificou que o apagão foi causado por um problema técnico em uma linha de transmissão de Furnas. Segundo ele, a falha de um banco de capacitores da linha teria ocasionado uma variação na frequência do sistema interligado, levando ao desligamento das usinas.

Os representantes do ONS vão se reunir, hoje, para analisar as causas do problema e tomar providências para evitar a repetição do cenário. O corte na carga de eletricidade se deu aos poucos, assim como o restabelecimento dela na maioria das localidades. As concessionárias do setor informaram ter sido também pegas de surpresa e o operador do sistema tentou preservar o fornecimento em lugares essenciais, como hospitais e escolas, mas não impediu o transtorno.

METRÔ A Linha Amarela do metrô paulistano, utilizada por 700 mil pessoas, parou, provocando correria e protesto. Passageiros precisaram de atendimento médico e duas estações foram fechadas. O estado teve o maior corte individual da carga: foram 850 mil unidades consumidoras, o que representa 10% da demanda total. 

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) foi a única empresa do país afetada pelo apagão orquestrado a se recusar a dar informações sobre o corte do fornecimento. A assessoria de imprensa da concessionária mineira se negou a informar a situação atual das usinas da estatal com a baixa dos reservatórios e quantas e quais cidades mineiras foram atingidas pelo interrupção de energia.

O apagão orquestrado ocorre em um momento de baixo nível dos reservatórios das principais usinas hidrelétricas. As chuvas escassas e o forte calor contribuíram para a estratégia, que serviu como uma defesa do sistema, evitando um blecaute generalizado. O ONS explicou que o aumento na demanda por energia desequilibrou as condições de operação. “Visando restabelecer a frequência elétrica às suas condições normais, o ONS adotou medidas operativas em conjunto com os agentes distribuidores”, disse a instituição em nota, divulgada quatro horas depois do episódio.


A explicação do ONS para o problema é que houve uma restrição na transfercia de energia do Sistema Interligado Nacional, que, associado ao pico de demanda do consumo, resultou na redução da frequência elétrica de 60 hertz para 59Hz. O problema se estendeu de 14h55 às 15h45. Segundo o ONS, com isso, 11 usinas geradoras (Angra I, Volta Grande, Amador Aguiar II, Sá Carvalho, Guilman Amorim, Canoas II, Viana, Linhares, Cana Brava, São Salvador e Governador Ney Braga) foram desarmadas. Com a operação o sistema perdeu 2,2 megawatts (MW) da capacidade instalada. 

Além de Minas e de São Paulo, sofreram corte de energia moradores do Distrito Federal, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O Sudeste — cujo nível dos reservatórios caiu para 18,5% na semana passada — vive uma situação delicada, dependendo da importação de energia do Nordeste e do Sul para atender à demanda. Menos de 5% da carga total do sistema elétrico brasileiro, segundo o órgão federal, foram impactados. O corte no fornecimento da Cemig foi de 500 MW, enquanto a Eletropaulo sofreu mais, com redução de 1,5 mil MW. No Rio de Janeiro, a Ampla teve que reduzir a oferta em 100 MW.

Sem garantia Apesar da pane, a nota do ONS ressalta haver “folga de geração no sistema interligado”. O presidente da Associação Brasileira das Grandes Empresas Geradoras de Energia Elétrica, Flávio Neiva, explica que a medida da ONS de orientar as distribuidoras a reduzir o fornecimento foi a maneira encontrada para evitar um apagão generalizado causado por efeito cascata. Assim, a solução foi selecionar as cargas a serem desligadas de forma a causar o menor impacto. Ele afirma que o ONS precisará recalcular o modelo distribuição, transferindo menos energia entre regiões durante os horários de pico para evitar que o sistema volte a ficar vulnerável. Mas adverte: “Ninguém garante que não possa ocorrer novamente ainda esse mês”.

O diretor-geral da empresa CMU Comercializadora de Energia, Walter Fróes, afirma ter havido uma mudança no perfil do consumidor com o aumento recente da renda do trabalho no Brasil. Com isso, o vilão do consumo energético deixou de ser o chuveiro elétrico e passou a ser o ar-condicionado, o que explica o pico energético no meio da tarde e não mais à noite como anos atrás. (Colaborou Bárbara Nascimento)

Temperatura e consumo nas alturas

O apagão está diretamente ligado à baixa dos reservatórios das maiores regiões consumidoras. No conjunto do Sudeste e Centro-Oeste, regiões consideradas caixas d’água do país, o volume das represas está em apenas 18,27% do total. No Nordeste, segunda maior em capacidade, o nível está em 17,57%. Isso obriga o ONS a distribuir a energia gerada em outras regiões para alimentar a rede ao longo do ano. Segundo o último relatório operacional do ONS, que abrange de 10 a 16 deste mês, o consumo verificado em três das quatro regiões foi superior ao previsto inicialmente.

Na capital mineira, os termômetros marcaram 32,5°C.Em São Paulo, foi registrada a tarde mais quente do ano, com 36,5°C. Em pleno período chuvoso, a última chuva foi em 22 de dezembro. A média pluviométrica da série histórica é de 296 milímetros em janeiro. Segundo o meteorologista Claudemir de Azevedo, até amanhã não há qualquer previsão de chuva.

No corte decretado ontem pelo ONS, São Paulo foi o estado mais afetado, com corte em 24 municípios, segundo a Eletropaulo. As estações República e Luz da Linha 4-Amarela do metrô foram fechadas porque houve um problema de alimentação de energia elétrica na região da Estação da Luz. No Rio, 13 cidades abastecidas pela Ampla ficaram às escuras. O blecaute afetou 580 mil consumidores. 

No Distrito Federal, o apagão atingiu 16% das unidades consumidoras — 157 mil das 981 mil existentes. Milhares de pessoas ficaram sem energia no meio da tarde em oito localidades. O corte, justificou a Companhia Energética de Brasília (CEB) por meio de nota, obedeceu às ordens do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O partido Democratas anunciou que pedirá a convocação do ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga (PMDB-AM), para prestar esclarecimentos em comissões da Câmara e do Senado sobre a falta de luz. 

DEMANDA Na região Sudeste/Centro-Oeste, a demanda máxima esperada de consumo era de 46 mil MW, mas o verificado foi de 47.8 mil Mw (3,9% acima). Houve, também, consumo acima do esperado no Sul e no Nordeste, de 10,3% e 0,7%, respectivamente. Para piorar, o pico de demanda energética dessa semana nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste é esperado para quinta-feira, quando a demanda deve atingir 61,8 MW entre 20h e 21h.

O corte de energia não surpreende o físico e professor da Universidade de São Paulo (USP), José Goldemberg, uma vez que, segundo ele, o sistema está funcionando no limite. “Estamos assistindo a uma crônica da morte anunciada. Desde 2012, alertamos sobre a crise”, disse. 

Em lugar de serem acionadas apenas em situações de emergência, as usinas térmicas se tornaram essenciais para a geração de energia no Brasil. “As decisões equivocadas do governo trarão impactos sociais graves”, acrescentou Goldemberg. A opinião é partilhada pelo presidente do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires. “O governo preferiu abrir mão de diversificar oferta”, afirmou. (PRF, CP e DA)

Excesso de consumo leva a apagão em 11 estados e no DF

Moradores de Minas Gerais e de pelo manos outros 10 estados
do país, além do Distrito Federal, ficaram sem luz entre as 14h55 e 16h de
ontem, aproximadamente.

O apagão, segundo as distribuidoras, foi causado por uma
determinação de corte no fornecimento de energia por parte do Operador Nacional
do Sistema (ONS). Especialistas do setor já falaram de racionamento branco.

O órgão de acordo com nota emitida no final da tarde,identificou
falhas na transferência de eletricidade das regiões Norte e Nordeste para o
Sudeste, impactando 2.200 megawots, o equivalente a 5% do sistema nacional.

O excesso de consumo de eletricidade, atrelado à falta de
chuva, faz com que o nível dos reservatórios abaixe cada vez mais.No domingo,
os reservatórios da região Sudeste estavam em 18,27% da capacidade.

O desejável é que o nível seja de pelo menos 50%. Como
reflexo, a região Sudeste, responsável por 70% da geração de energia do Brasil,
fica dependente das usinas das regiões Norte e Nordeste, compostas em grande
parte por termelétricas.

Embora o sistema seja interligado, a transferência de
energia sofre limitações devido à distancia e pode gerar problemas estruturais
e conjunturais, conforme explica o diretor do Instituto de Desenvolvimento do
Setor Energético ( Ilumina), Roberto  D’Araújo.
“ Daqui para frente, a tendência é de que a situação se agrave. O ideal é que
uma campanha de redução de consumo fosse realizada”, afirma D’Araújo.

O diretor geral da CMU Energia, Walter Fróes, concorda.
Segundo ele, uma campanha para reduzir pelo menos 5% do consumo, o equivalente
ao impacto registrado nessa segunda, é necessária para que interrupções forçadas
não se repitam com frequência. Fróes alerta que a geração não está acompanhando
a demanda.

A Cemig confirmou que cortou a luz dos mineiros a pedido da ONS,
mas não informou quais bairros ou cidades foram afetados. A quantidade de carga
que foi reduzida também não foi especificada.

Em Lagoa Santa, na grande BH, uma empresa de concreto
precisou alugar um gerador para manter as operações. Em Venda Nova, pelo menos
dois bairros ficaram sem luz: Maria Helena e Letícia.

Morador do bairro Letícia, o auxiliar administrativo Eraldo
Antônio dos Reis, de 36 anos, afirmou que a luz acabou por volta das 15h e só
retornou às 16h30, aproximadamente.

“Será um problema, principalmente para a indústria, se os
apagões continuarem”, diz. No Santo Antônio, houve quedas de energia rápidas. O
Triangulo Mineiro também foi afetado.