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Projeções do mercado sinalizam bandeira tarifária verde só em 2026

Autor:
Geraldo Campos Jr., Marisa Wanzeller e Lais Carregosa, da Agência iNFRA

A bandeira verde, sem cobrança adicional na conta de luz, deve voltar a ser aplicada apenas em janeiro de 2026, segundo projeções da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia) reforçadas por agentes do mercado consultados pela Agência iNFRA. A expectativa contrasta com dados históricos das bandeiras tarifárias, que mostram o patamar verde nos últimos meses do ano, com o início do período chuvoso, como aconteceu em 2024, 2023 e 2022. 

Especialistas estimam que os próximos três meses devem ter bandeiras vermelha e amarela. A projeção está em linha com a maioria dos cenários do boletim CCEE da última quinta-feira (25), que sinaliza bandeira verde em dezembro em apenas um de cinco cenários analisados, considerando afluências altas.

Segundo o diretor de Trading da Armor Energia, Fred Menezes, a bandeira tarifária tende a ficar amarela em novembro e dezembro, com a possibilidade de bandeira verde em dezembro somente se ocorrer um volume de chuvas além do previsto. “Virou regra: de maio até pelo menos novembro, sempre vai ter bandeira mais alta, porque são meses que naturalmente o volume dos rios diminui”, disse.

A Thymos Energia também projeta bandeira amarela para novembro e dezembro e pondera que a região Sudeste, que concentra 70% das hidrelétricas com reservatórios do país, ainda apresenta afluência desfavorável, com ENA (Energia Natural Afluente) em 64% da média histórica no fim de setembro. Assim, a consultoria não vislumbra queda nos preços de energia até que a entrada do período úmido se confirme boa em termos de afluência.

Walter Fróes, CEO da CMU Comercializadora de Energia, também avalia que a bandeira verde só deve voltar em 2026. Ele cita incertezas sobre o volume de chuvas e os impactos delas nos rios nos próximos meses, diferente de 2024, quando as chuvas mais intensas aumentaram o volume de água dos reservatórios entre outubro e novembro. “Tudo dependerá da hidrologia de outubro, que é o mês de transição do período seco para o chuvoso”, diz.

PLD
Um dos indicadores usados para o cálculo das bandeiras tarifárias é o PLD (Preço de Liquidação das Diferenças), referência de preço para a comercialização de energia no mercado livre. Segundo as projeções de analistas, o PLD tende a continuar em patamares altos até dezembro, influenciando o acionamento das bandeiras mais caras. 

A CCEE projeta entre R$ 250 e R$ 300 MWh (megawatt/hora) até o fim do ano – enquanto, na comparação com dezembro de 2024, o PLD fechou em R$ 65. 

A Armor Energia também vê PLD ficando próximo de R$ 300/MWh em outubro, com uma redução gradual a partir de dezembro, a depender das chuvas. “Será uma queda bem lenta. Não é chover e já vai cair abruptamente o preço. O PLD pode até ter algum repique em novembro, e depois ir para algo entre R$ 240 e R$ 250 em dezembro, o que se formos olhar, ainda é um patamar algo para um mês de dezembro”, avalia Fred Menezes.

Na avaliação da Thymos, o preço deve se manter em média a R$ 290/MWh ao longo de toda a primavera, que é de setembro a dezembro, ou até que os reservatórios das hidrelétricas respondam de forma mais satisfatória.

Os preços da energia para mercado futuro que vêm sendo negociados na BBCE (Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia) fecharam a última semana (26/9) no mesmo patamar: R$ 272 os contratos para entrega em outubro, R$ 310 em novembro, e R$ 279 em dezembro. Esses montantes tiveram retração na última semana após a divulgação do PMO (Programa Mensal de Operação), que revisou a expectativa de crescimento da carga devido a uma temperatura mais amena, conforme explicou o diretor-executivo Comercial, Eduardo Rossetti.

Formação de preços
Além das incertezas quanto às chuvas, na avaliação de Fred Menezes, da Armor Energia, os modelos de formação de preços do setor elétrico adotados  desde janeiro deste ano ajudam a manter os preços altos e a cobrança extra na conta de luz. 

“A mudança do modelo neste ano fez com que os preços de energia ficassem muito mais sensíveis à ENA, que é a água que passa nos rios, dando menos peso aos reservatórios. Se tivéssemos vigente o modelo do ano passado neste ano, estaríamos na bandeira verde agora. Mas a mudança no modelo deixou o preço muito mais sensível à condição atual dos rios”, afirmou.

Walter Fróes, da CMU, também vê o modelo de formação dos preços como um dos motivos para esse cenário. “Dificilmente vamos ter bandeira verde neste resto de ano porque os modelos foram alterados para agregar mais segurança. Estão mais avessos ao risco”, avalia.

Já a diretora da Abrage (Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica), Camilla Fernandes, aponta que a atualização de um dos componentes considerados na formação de preço não significa maior aversão ao risco, apesar de impactar na formação dos preços e, consequentemente, nas bandeiras tarifárias. 

Desde janeiro de 2025, a CCEE considera os reservatórios “mais representativos” das hidrelétricas de maneira individualizada – o chamado “newave híbrido” –, não mais agrupados como um reservatório equivalente, a fim de otimizar a operação do sistema, explicou. Camilla reforça, inclusive, a avaliação de que o CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico) decidiu manter, para o ano de 2026, os mesmos parâmetros de aversão ao risco adotados em 2025. 

Atendimento à ponta
Para a diretora da Abrage, o aumento projetado para os preços, que influencia nas bandeiras tarifárias, se dá principalmente pelo desafio de atendimento da ponta de carga do sistema – horário em que o pico de demanda por energia coincide com a queda acentuada da geração solar. 

“O consumo de energia tem mudado, tanto em termos de crescimento quanto em termos de comportamento. O ONS [Operador Nacional do Sistema Elétrico] já tem chegado perto de esgotar a capacidade de atender essa rampa [da ponta de carga]. Então, ele tem acionado mais termelétricas”, afirmou. “Se ele precisa acionar esses recursos mais caros, o preço [da energia] reflete o custo da usina marginal que é acionada”.

Segundo Camilla, o que explica efetivamente um PLD mais caro é o aumento do recurso marginal previsto para a operação, mais alto do que estava no ano passado. A situação também ocorre no período úmido, uma vez que o operador tem programado termelétricas, mesmo com os reservatórios disponíveis, para atendimento da ponta.

Bandeira de outubro
Na última sexta-feira (26), a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) definiu a bandeira vermelha nível 1 para outubro, afirmando que há “indicação do volume de chuvas abaixo da média” e que o consequente reflexo no nível dos reservatórios não são favoráveis para a geração das usinas hidrelétricas.

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