Programa de resposta da demanda, do governo, vai aliviar o pico de consumo no sistema
Luiz Ciocchi: “Cenário em 2022 vai depender da estação chuvosa”
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estima que 1.500 agentes do setor estão aptos a aderir ao programa de resposta da demanda, do governo federal, para ajudar a aliviar o pico de consumo no sistema em meio à crise no setor elétrico. O programa vai oferecer incentivos para que grandes consumidores desloquem o consumo de energia para fora dos horários de maior demanda, de modo a aliviar o Sistema Interligado Nacional (SIN) em meio à baixa na geração hidrelétrica. O Brasil enfrenta sua pior seca em 91 anos.
“A resposta da demanda, em conjunto com as outras ações indicadas pelo ONS para aumento da oferta, deslocamento do consumo e flexibilização de restrições operativas, permitirá o atendimento energético e a manutenção da governabilidade das bacias hidráulicas do Sudeste na transição do período seco para o período úmido em 2021”, disse o órgão em nota.
Na tarde de ontem, o presidente do ONS, Luiz Ciocchi, afirmou que a consulta pública para a regulamentação do programa de resposta à demanda “está para sair”.
“As conversas e estudos estão bem encaminhados. Será um movimento voluntário para empresas que possam fazer mudanças na sua escala de produção, com a utilização e outros recursos, mudança no horário de pico ou flexibilização na linha de produção, para que isso traga maior flexibilidade para o ONS usar os recursos”, afirmou em evento do site especializado Canal Energia.
Ciocchi disse que o órgão não vê necessidade de realizar uma campanha de redução compulsória do consumo de energia. Ainda assim, defendeu que os consumidores façam um “uso racional e eficiente” de água e eletricidade. Na semana passada, o ONS publicou uma nota técnica em que mostra o agravamento do cenário de fornecimento em novembro: “A situação continua preocupante. Não existe expectativa de chuvas significativas, mas, mesmo com a situação agravada, conseguiremos atravessar o período seco”, afirmou.
Além do programa de resposta à demanda, outras ações adotadas para lidar com a crise incluem a criação de uma câmara com diversos órgãos do governo para gerenciar a vazão dos reservatórios.
Também foi lançada uma chamada pública para contratar capacidade de geração de térmicas a biomassa e cogeração. Segundo Ciocchi, a resposta à chamada está sendo “boa e interessante” e a previsão é que capacidade adicional esteja disponível até setembro.
Em paralelo, o governo pediu ao ONS uma atualização dos estudos sobre a adoção do horário de verão e seus impactos no setor. Ciocchi disse, no entanto, que as análises concluíram novamente que a contribuição do retorno do horário de verão para a redução na demanda de eletricidade seria nula.
O presidente do ONS destacou que o próximo ano ainda vai demandar atenção ao tema do fornecimento de energia, mas que a expectativa é de que as ações tomadas em 2021 para lidar com a crise ajudem a aliviar o sistema.
“Alguns fatores levam a uma situação melhor no próximo ano, como, por exemplo, as linhas de transmissão entre o Nordeste e o Sudeste, que tiveram obras antecipadas. Devemos contar com essas linhas ainda este ano e no ano que vem. Teremos mais recursos em 2022 do que temos em 2021, isso nos dá esperança, mas tudo vai depender da estação chuvosa”, disse.
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