Expansão vai demandar mais R$ 50 bilhões até 2030, indica estudo da EPE
O Brasil deve ter em 2023 os maiores leilões de transmissão de energia, em termos de investimento, das últimas duas décadas. A expansão da transmissão vai demandar mais R$ 50 bilhões em investimentos até 2030, indica a segunda parte do estudo de expansão da transmissão para reforços no Sistema Interligado Nacional (SIN) da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Os projetos devem ser incluídos nos leilões de transmissão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 2023.
“O ano em que vamos ter o recorde de investimentos colocados em leilão vai ser 2023, considerando todos o histórico de leilões desde 1999. Temos confiança de que isso vai ser possível porque esse é um setor bem consolidado”, afirmou o coordenador-geral de planejamento da transmissão da EPE, Guilherme Zanetti, em evento on-line na tarde de ontem para apresentação do estudo.
No momento, a EPE trabalha nos relatórios complementares solicitados pelo Ministério de Minas e Energia (MME) para que os projetos sejam incluídos nos certames do ano que vem. A entrega dos documentos precisa ocorrer até julho de 2022, para que uma primeira parte dos projetos seja leiloada em junho do próximo ano.
“Os resultados dos últimos leilões demonstram a agenda positiva desse setor. Ano após ano verificamos um aumento da competitividade e do deságio nos leilões”, complementou Zanetti.
A previsão é que a Aneel realize dois leilões de transmissão em 2023, em junho e dezembro. Entretanto, segundo Zanetti, pode ocorrer, inclusive, um leilão extraordinário. “Estudamos essa possibilidade, mas ainda não há uma definição”, disse.
Como comparação, nos últimos anos, o maior volume em investimentos foi registrado em 2018, quando os projetos licitados somaram R$ 19,1 bilhões. Os dois leilões previstos para junho e dezembro de 2022, que incluem outros projetos além dos previstos na segunda fase dos estudos da EPE, devem licitar projetos com investimentos previstos em R$ 17,9 bilhões.
“Os leilões de 2022 já estão estruturados e agora estão em andamento os trabalhos para estruturação dos leilões de 2023”, afirmou o secretário de planejamento e desenvolvimento energético do MME, Paulo Cesar Domingues, durante o evento ontem.
O estudo levou em consideração não apenas as projeções para o crescimento das fontes eólica e solar, como também de usinas termelétricas.
De acordo com o diretor de estudos de energia elétrica da EPE, Erik Rego, a expansão será necessária devido ao expressivo aumento da oferta de geração esperada principalmente nas regiões Norte e Nordeste nos próximos anos, além do escoamento regional da carga.
“Temos que lembrar que a transmissão atende a dois princípios: aumento da segurança e redução de custo. A transmissão reduz custo porque permite acesso a fontes mais baratas”, explicou.
Ao todo, a previsão é que as obras que serão leiloadas em 2023 ajudem a ampliar em 14,5 gigawatts (GW) a capacidade de escoamento de energia do Norte e Nordeste para Sul e Sudeste do país, chegando a 32 GW.De acordo com os estudos, será necessário ampliar o escoamento de energia entre os Estados do Maranhão, Tocantins e Goiás. Estão previstas oito novas linhas de transmissão entre Piauí, Maranhão e Ceará. Um dos empreendimentos previstos é um bipolo de 5 GW de capacidade, no Maranhão, que visa ajudar a escoar a geração de fontes solar e eólica no Nordeste e de hidrelétricas no Norte.
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