Com reservatórios das hidrelétricas em nível baixo, todas as termelétricas em operação e cerca de 80% de risco de haver um déficit de 1.500 megawatts médios nos próximos oito meses, o custo para evitar o racionamento de energia aumenta para o Brasil. Até mesmo a aposta do governo de comercializar o insumo no leilão emergencial A-0, marcado para o próximo dia 30, representará gastos bilionários para as distribuidoras, que repassarão o ônus para os consumidores finais.
Conforme cálculos apresentados no seminário “Energia – Soluções para o Futuro”, realizado na Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), o leilão de energia servirá apenas como um paliativo para o período em que as distribuidoras estão descontratadas. E terá um custo alto, sem representar uma solução efetiva.
Neste leilão, foi fixado um teto de R$ 271 o megawatt/hora para a energia proveniente de hidrelétricas. Por ser um valor bem mais baixo do que os R$ 822 atuais do mercado spot, levará a uma economia de R$ 5,6 bilhões neste ano. Porém, levando em conta que esse valor será a referência em cinco anos e oito meses, a partir de 2015 começa a significar prejuízo. Isso porque o preço médio fixado para os próximos anos é inferior aos R$ 200.
Dessa forma, entre 2015 e 2019, haverá um prejuízo de R$ 16 bilhões. No fim das contas, as distribuidoras pagarão R$ 10,4 bilhões a mais pela energia, segundo o diretor da CMU Comercializadora de Energia, Walter Luiz de Oliveira Fróes.
Como todo o custo será repassado para o consumidor, a estimativa é que somente este leilão eleve a tarifa no país em cerca de 10%. “Isso sem contar com os 25% de aumento que já estão represados prontos para serem agregados nas contas de energia no ano que vem”, afirma.
Sem alternativa – Mesmo com o custo elevado da energia neste leilão, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) irá participar do certame, conforme adiantou o diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios da empresa, Fernando Schufner. Ele explica que a distribuidora não possui outra alternativa, uma vez que não pode ficar descontratada. Por isso, os consumidores mineiros podem preparar o bolso para o pior. O próprio diretor admite que há chances de o reajuste em 2015 ser maior do que a média de 16,33% deste ano.
“Estamos precisando de muita conversa no nosso setor para encontrar caminhos. Nós não tivemos oportunidade de discutir as mudanças e vamos pagar por isso”, afirma. Schufner explica que, além do custo da seca, pesa também para o setor o preço da instabilidade regulatória. “ uma quantidade tão grande de decretos e portarias que fica difícil entender o jogo”, afirma. Para o consultor e ex-presidente da Eletrobras Aloísio Vasconcelos, que foi mediador do seminário, o setor precisa de “paz para construir soluções”.
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