Apesar de o texto voltar para a Câmara, por causa da inclusão de novos “jabutis”, os
investidores mostram confiança em relação ao encaminhamento da proposta
As ações da Eletrobras disparam nesta sexta-feira e lideram, de longe, o ranking de
maiores altas do Ibovespa, reagindo à aprovação no Senado da Medida Provisória
(MP) que trata da privatização da estatal de energia elétrica. O salto dos papéis
chegou a superar 9% há pouco, em um movimento que conduziu as ações a novas cotações recordes. Inclusive, alguns analistas afirmam que os papéis estão
próximos, agora, de “cenário de céu azul” – ou seja, aquele mais positivo nas
projeções.
Por volta das 11h10, a ação ordinária da Eletrobras subia 7,11%, aos R$ 46,71,
depois de tocar R$ 47,99 no pico do dia, sua nova máxima recorde intradiária. Com
isso, sobe 7,53% no mês de junho e ganha 38,28% no acumulado do ano .
Já os papéis preferenciais têm alta de 7,49%, aos R$ 46,52, com máxima em R$
47,69. Assim, sobem 7,46% no mês e avançam 36,85% no ano.
Apesar de o texto voltar para a Câmara, por causa da inclusão de novos “jabutis”, os
investidores mostram confiança em relação ao encaminhamento da proposta. De
acordo com a equipe do Credit Suisse, a probabilidade de aprovaçao final da MP na
Câmara é alta e assim o papel poderia se aproximar do target do cenário mais
otimista – ou “céu azul”, de R$ 65 por papel.
Para os analistas do Credit Suisse, o processo de capitalização deve ser positivo para
a companhia em termos de mais eficiência, novos contratos e melhor governança.
Além disso, favorece o setor no que diz respeito à geração hídrica, já que a
capacidade firme da Eletrobras deve ser recalculada e vai arcar com os custos do
GSF (risco hidrológico) como outras hidrelétricas.
“Por outro lado, acreditamos que a interferência no planejamento da política
energética, mais uma vez, na tentativa de redução de preços via subsídios, pode ser
um fator negativo para a alocação de capital e futuro da matriz, impactando
negativamente o setor”, ponderam.
Segundo o analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, a aprovação da MP no
Senado não possui caráter negativo à empresa, apesar das novas concessões feitas
pelo governo. “A proposta formulada pelo Senado adiciona temas perpendiculares à
matéria e aumenta a complexidade da operação. Mas a diminuição de participação
estatal na companhia, como resultado da proposta, continua sendo um evento
positivo”, diz, em comentário.
Da mesma forma, o analista da Guide Investimentos, Luis Salles, vê o andamento da
proposta no Congresso como positivo, apesar de ainda existir o risco de a MP vencer
no próximo dia 22. “Vemos com bons olhos a aprovação ontem, que foi realizada
após atrasos e com um placar apertado, além dos ‘jabutis’, que podem sofrer
alterações”, afirma, em comentário matinal.
“Se aprovada integralmente, a oferta de capitalização está prevista para acontecer
no primeiro trimestre de 2022, podendo chegar a R$ 25 bilhões”, destacam os
analistas do Goldman Sachs. “Continuamos com a recomendação de compra para
Eletrobras, com um preço-alvo de R$ 48/R$ 53” para ordinárias (ON) e preferenciais
(PNB).
Para os analistas do Bank of America, a ação poderia chegar a mais de R$ 60. “Com
base nos termos preliminares publicados anteriormente pelas autoridades,
estimamos que uma privatização poderia somar R$ 17 por ação à nosso ‘valuation’
de R$ 47″, dizem. “Apesar de alguns termos indesejáveis na lei de privatização da
Eletrobras (por exemplo, obrigações de expansão de capacidade) , vemos a
privatização como muito positiva para o setor também, por causa de: 1) melhor dinâmica de preços de energia (especialmente mercado regulado), e 2) menor
percepção de risco sobre o setor”, concluem.
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