Match da Energia’ reúne dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE)
A Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) e a Volt Robotics desenvolveram o site Match da Energia, solução digital que compara a formação de preços da energia à realidade da operação do sistema elétrico.
A ferramenta reúne dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) sobre o planejamento de geração de energia, indicada nos modelos que formam o preço, e o que realmente acontece na prática da operação.
A ideia é dimensionar a operação real e o resultado calculado pelos modelos oficiais. Quanto mais preciso for o ‘match’, maior será a otimização do sistema e menor será o preço da energia para o consumidor.
Quanto mais preciso for o ‘match’, maior será a otimização do sistema e menor será o preço da energia para o consumidor
Os atuais modelos matemáticos que tentam prever variáveis, como chuva, vento e consumo, se propõem a indicar decisão que garanta maior eficiência e menor custo para o sistema elétrico. Entretanto, nem sempre as ações sugeridas pelos modelos oficiais preveem a realidade. A ideia é que o usuário tenha um retrato, inclusive por usina, do que está sendo praticado na operação do sistema elétrico e identificar possíveis discrepâncias do sistema.
Para o presidente da Abraceel, Rodrigo Ferreira, há um problema no processo de formação de preços no Brasil, no modelo e na governança das informações para que os custos da energia reflitam a realidade operacional do Sistema Interligado Nacional.
“Num cenário de crise hídrica, com a decisão do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) de liberar até 15 gigawatts (GW) de térmicas com um preço de R$1000/MWh e o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) na casa dos R$60/MWh, é evidente que temos um problema”, diz.
O que o executivo descreve é um dilema entre muitos agentes do setor que questionam o despacho de termelétricas mais caras com o preço da energia caindo. O PLD é usado para calcular diferenças entre contratação, consumo e geração no mercado livre, mas o modelo que determina o índice hoje leva em consideração previsões de vazões otimistas para as hidrelétricas e acaba demorando a contabilizar a necessidade de despacho das térmicas.
“O Match da Energia identifica onde está o problema de forma mais comum, pontual e sazonal. Ele localiza se o problema é com hidrelétrica, com eólica, se é neste submercado, se é nesta ou naquela bacia hidrográfica”, diz.
Na avaliação do diretor-geral da Volt Robotics, Donato da Silva Filho, o preço refletir a operação é muito relevante para a modernização do setor, em que se busca eficiência na operação do sistema. “O preço é calculado por uma cadeia de modelos do setor (…) O que sai dos modelos precisa entrar na realidade. A gente analisa o que saiu do modelo e compara com o que de fato aconteceu”, diz.
Segundo Donato, o objetivo é medir o alinhamento entre a operação real do sistema elétrico e o planejamento da operação indicada pelos padrões matemáticos de formação de preço e calcular se “dão match” ou não com o que foi projetado e está sendo utilizado.
Ele explica ainda que para mensurar o Match são avaliadas quatro variáveis de grande impacto nos preços da energia elétrica: consumo, geração eólica, hidrelétrica e a termoelétrica.
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